Facebook retira aos utilizadores poder de voto sobre novas regras

Site permite que os utilizadores possam vetar alterações às regras de funcionamento, mas diz que agora a rede já é demasiado grande para isso.

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Os utilizadores terão sete dias para comentar alterações Kimihiro Hoshino/AFP

A rede social, argumentam os responsáveis, tornou-se demasiado grande para poder ser gerida nesta espécie de modelo democrático. Para além disto, notam, o Facebook é, desde Maio, uma empresa cotada em bolsa, o que significa que tem de prestar contas aos reguladores dos vários países, uma obrigação que exige um sistema diferente de aplicação de regras internas.

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A rede social, argumentam os responsáveis, tornou-se demasiado grande para poder ser gerida nesta espécie de modelo democrático. Para além disto, notam, o Facebook é, desde Maio, uma empresa cotada em bolsa, o que significa que tem de prestar contas aos reguladores dos vários países, uma obrigação que exige um sistema diferente de aplicação de regras internas.

Desde 2009 que o Facebook dá conta aos utilizadores das grandes propostas de alterações ao funcionamento do site, nomeadamente no que diz respeito a questões de privacidade e uso de dados. Até aqui, se pelo menos sete mil pessoas comentassem uma proposta, esta seria levada a votação. Para ser rejeitada, teria de ter o voto contra de 30% de todos os utilizadores.

Segundo os responsáveis do site, sete mil é um número demasiado baixo para uma rede que ronda os mil milhões de contas abertas, e o sistema pode facilmente ser aproveitado por grupos de activistas ou acções concertadas que convencem muitos utilizadores a comentarem sem sequer lerem a proposta.

“O mecanismo de votação, que é desencadeado por um número específico de comentários, na verdade resultou num sistema que incentivava a quantidade de comentários e não a qualidade”, lê-se numa nota aos utilizadores.

O sistema de votação, porém, é desconhecido – ou ignorado – pela maior parte dos utilizadores. Na última proposta que acabou por ir a votos (alterações à política de uso de dados, em Junho deste ano), apenas uma minúscula parcela de 0,38% dos utilizadores votaram. Cerca de 300 mil rejeitaram as alterações e 45 mil mostraram-se favoráveis. Para a votação ser vinculativa, eram então necessários cerca de 270 milhões de votantes.

O site propõe agora um novo sistema, mais distante de um funcionamento democrático e mais próximo do que é a actuação da generalidade das empresas. As propostas de alterações às políticas internas do Facebook continuarão a ser publicadas e os utilizadores terão um período de sete dias para questionarem os responsáveis e fazerem críticas. “Como sempre, iremos considerar cuidadosamente os seus comentários antes de adoptar quaisquer mudanças”, ressalva o site.