Pedro pegou em vides e fez um combustível... na cozinha

Um fogão a lenha, um micro-ondas, a balança da cozinha, um assador e uma salamandra foram alguns dos equipamentos usados por Pedro Teixeira para um combustível inteligente à base de vides

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waypoint.pt/Flickr

Pedro Teixeira, de 40 anos, tirou o curso na Faculdade de Engenharia do Porto e desenvolveu vários projectos, sendo o mais conhecido uma bengala electrónica para invisuais, com a qual ganhou uma medalha de ouro nos Estados Unidos da América e uma distinção no Japão.

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Pedro Teixeira, de 40 anos, tirou o curso na Faculdade de Engenharia do Porto e desenvolveu vários projectos, sendo o mais conhecido uma bengala electrónica para invisuais, com a qual ganhou uma medalha de ouro nos Estados Unidos da América e uma distinção no Japão.

A burocracia que teve que enfrentar acabou por se transformar num entrave e por isso abandonou a investigação para andar a fazer outras coisas. Este ano, foi viver para a Régua e foi ali que voltou a criar e a inovar.

O investigador está a desenvolver o projecto Da_Vide, que visa utilizar os resíduos resultantes da limpeza das videiras, após as vindimas, e que, até agora, estavam a ser desperdiçados. E, segundo defendeu, as aplicações para as vides vão desde o artesanato, à produção energética, indústria, componentes e acessórios, engenharia e tecnologia e ainda design, decoração e moda.

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Pedro Teixeira

Com a oficina instalada em casa, Pedro Teixeira recorre aos equipamentos domésticos para trabalhar. “Não é preciso um laboratório com grande tecnologia para inovar”, afirmou à agência Lusa. O investigador está a trabalhar num combustível sólido inteligente, que utiliza os vários componentes das vides para fazer um combustível à medida, ou seja, com uma ignição rápida e que faça mais brasa para um assado, ou mais chama para alimentar uma lareira.

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Pedro Teixeira

Das vindimas para a salamandra 

No fogão a lenha, Pedro Teixeira faz testes de combustão. “Conseguimos controlar a entrada de ar, ou seja, do oxidante que participa no processo de combustão”, explicou. Este fogão é ainda utilizado para fazer testes do processo de secagem das vides. Com as cinzas, que caem para uma parte inferior deste fogão, é possível medir “todas as grandezas” que interessam: o calor, o peso e quantidade. Depois, através da chaminé, é possível “medir os gases e fazer testes de toxicidade”.

O micro-ondas serve para fazer testes rápidos de temperatura. “Se pegar num pouco de lenha e de vide e a colocar no micro-ondas, vê-se logo que as características térmicas das vides são muito diferentes, pois vai aquecer imenso, enquanto que a madeira, em geral, quase não aquece”, salientou.

Quando se fala de biomassa, a característica que se mede é a quantidade de energia por quilograma. Logo, todas as experiências que forem desenvolvidas têm que ser pesadas. Para o efeito, Pedro Teixeira recorre à balança da cozinha.

Com a salamandra da sala o ambiente é mais controlado, logo, de acordo com o responsável, o processo de combustão pode ser também mais controlado. Depois, no assador, são feitos os testes mais reais e sem controlo. Pedro Teixeira recorre ainda a um termómetro e a um “velhinho” multímetro, que é usado para medir parâmetros.

“Quando se está a tentar inovar, se há uma diferença de um por cento nem se vai notar. O que interessa é que haja uma diferença significativa e, para medir essa diferença, não precisamos de equipamento assim tão sofisticados”, frisou.