Banco central suíço baixou juros dos países-núcleo do euro para subvalorizar moeda

Foto
Os juros da dívida a 10 anos francesa situavam-se terça-feira nos 2,3% e da dívida alemã nos 1,6% Pascal Lauener / Reuters

A S&P avança com um valor provável para as compras do BNS: cerca de 80 mil milhões de euros investidos na dívida dos países-núcleo da zona euro – Alemanha, França, Holanda, Finlândia e Áustria.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A S&P avança com um valor provável para as compras do BNS: cerca de 80 mil milhões de euros investidos na dívida dos países-núcleo da zona euro – Alemanha, França, Holanda, Finlândia e Áustria.

O valor foi atingido durante os primeiros sete meses de 2012 e representa 38% do défice orçamental contraído pelo conjunto destes países durante o mesmo período.

Ao comprar grandes quantidades de obrigações do tesouro, o BNS conseguiu retirar euros de circulação com relativa segurança, uma vez que os países-núcleo da zona euro representam a maior garantia europeia de devolução de investimento em dívida. Desta forma, o franco suíço continuou subvalorizado em relação ao euro, afirma o relatório.

Com esta actividade, o banco potenciou a diferença (spread) entre os baixos juros contraídos na emissão de dívida pelos países-núcleo da zona euro e os altos juros a que os países periféricos se endividam.

O relatório da S&P conclui portanto que as oscilações no mercado de dívida dentro da zona euro foram “significativamente” influenciadas pela intervenção do BNS – principalmente ao fazer decrescer os juros na dívida dos países aos quais comprou obrigações do tesouro.

A influência suíça no mercado de dívida

Fica clara a mudança na orientação da actividade comercial do BNS desde que a crise europeia explodiu. A meio de 2008, o valor das divisas estrangeiras no banco nacional representava cerca de 15% do PIB da Suíça. Em meados de 2012, o BCS já detém um valor total de títulos de dívida equivalentes 79% do PIB do país.

O Financial Times avança com um exemplo para a influência suíça nos mercados de dívida. Em Maio de 2012, as finanças públicas francesas suscitavam preocupação nos investidores estrangeiros e havia o risco de o país estar a ser contagiado pela crise económica europeia. Maio foi também período de eleições na Grécia - processo que se iria arrastar até Junho e que marcou um dos momentos mais prolíferos em rumores acerca da saída do país da zona euro.

Mas, independentemente do ambiente pesado que se vivia no sector económico europeu em Maio de 2012 - o euro desvalorizava -, os títulos de dívida francesa a 10 anos desceram dos 3 para os 2,35%. Ao Financial Times um bancário próximo do BNS confirmou que a descida tinha sido em grande parte devida à actuação do banco suíço.

A diferença entre os custos de endividamento entre os países-núcleo da zona euro e Estados como Itália ou Espanha têm sido foco de grande pressão sobre os mercados nacionais dos países periféricos.