Madrid e Barcelona anunciam megaprojectos turísticos

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O Eurovegas, de Madrid, tem sido contestado Foto: Ibar Aibar/ Reuters (arquivo)

Trata-se do projeto Eurovegas, da empresa Las Vegas Sands – controlada pelo magnata norte-americano Sheldon Adelson – e do projecto Barcelona World, de uma empresa imobiliária, duas iniciativas polémicas.

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Trata-se do projeto Eurovegas, da empresa Las Vegas Sands – controlada pelo magnata norte-americano Sheldon Adelson – e do projecto Barcelona World, de uma empresa imobiliária, duas iniciativas polémicas.

A confirmação dos projectos foi feita depois de meses de negociações da Las Vegas Sands com Madrid e Barcelona, tendo a empresa norte-americana acabado por confirmar, esta madrugada, que Madrid vai acolher o projecto Eurovegas, um conjunto formado por seis complexos turísticos e de jogo.

O anúncio foi feito horas depois de a Catalunha ter informado que não ficaria com o Eurovegas, apostando em vez disso num projeto alternativo conhecido por Barcelona World.

As duas iniciativas são particularmente polémicas, suscitando manifestações e protestos de organizações cívicas e de alguns partidos políticos que contestam tanto a natureza do projecto de Madrid (centrado no jogo), como as exigências da Las Vegas Sands para a sua instalação.

Projecto para Madrid implica alteração da lei laboral

Para que o projecto possa ser instalado em Madrid, segundo a empresa, será necessário alterar a lei laboral, a lei do tabaco (querem que se possa fumar nas instalações de jogo) e que menores possam entrar nas zonas dos casinos.

Por saber estão ainda outras condições do negócio, como as vantagens fiscais – a taxa autonómica sobre o jogo, por exemplo – e o tratamento que o projecto terá em termos ambientais.

No comunicado desta madrugada, a empresa confirma que a região de Madrid será o destino, mas que a iniciativa está agora na segunda fase, nomeadamente na escolha exacta do local – há três municípios candidatos – e na definição clara da sua dimensão.

Só depois disso se saberá o investimento total, que, segundo o anúncio inicial da empresa, poderia rondar os 17 mil milhões de euros, criando 260 mil postos de trabalho. Deverá estar pronto para ser inaugurado em 2016, ainda que as obras do conjunto do projecto só se concluam em 2022.

O megacomplexo inclui 12 estruturas de férias, cada uma com 3000 quartos de hotel, e grandes complexos do jogo, virados para clientes europeus e do resto do mundo.

Depois de informar que não ficaria com o Eurovegas, o Governo Regional da Catalunha, por seu lado, anunciou o seu próprio projecto, um complexo turístico formado por seis parques temáticos e 12 mil quartos de hotel.

Projecto na Catalunha deve criar 20 mil empregos directos e 20 mil indirectos

O projecto na Catalunha será liderado pelo La Caixa e pela empresa Veremonte, sociedade liderada pelo empresário do sector imobiliário espanhol Enrique Bañuelos.

Está previsto que entre em funcionamento em 2016, criando 20 mil empregos directos e outros 20 mil indirectos e conseguindo captar 10 milhões de visitantes anualmente.

Com o anúncio da instalação do Eurovegas em Madrid, por seu lado, concretiza-se o sonho de Sheldon Adelson, que pretendia criar o que será o maior complexo de jogo de todo o continente europeu, neste caso a Las Vegas espanhola.

Em Fevereiro, o próprio Adelson confirmou que espera ganhar com o projecto dezenas de milhares de milhões de dólares em quatro ou cinco anos e que o objectivo é construir na Europa o equivalente a metade do strip de Las Vegas, o que não pode fazer em Macau. O objectivo é em 15 anos atrair 11 milhões de turistas, que no totalmente gastariam 15 mil milhões de euros.

A Esquerda Unida (IU) é uma das vozes mais críticas do projecto e hoje o responsável do partido, Cayo Lara, considerou que se trata de instalar em Madrid uma “fábrica de ludopatas”. Os sindicatos criticam as exigências no campo laboral e salarial alegadamente impostas pela empresa.