Organização fala em nova tourada em Viana em 2013

“Hoje é um dia histórico porque foi reposta a legalidade em Viana do Castelo e não vai ficar por aqui. No próximo ano estamos cá outra vez”, afirmou à agência Lusa José do Carmo Reis, da comissão executiva da federação “Prótoiro”, que organizou a corrida.

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“Hoje é um dia histórico porque foi reposta a legalidade em Viana do Castelo e não vai ficar por aqui. No próximo ano estamos cá outra vez”, afirmou à agência Lusa José do Carmo Reis, da comissão executiva da federação “Prótoiro”, que organizou a corrida.

No total terão assistido à corrida mais de 2.300 pessoas, perante um protesto, a cerca de 50 metros da arena, que reuniu cerca de 300 pessoas e obrigou à intervenção da PSP para evitar confrontos físicos entre aficionados e manifestantes.

“Lamentamos o cenário que aqui foi montado, mas o importante é que hoje caiu a Catalunha portuguesa, desmistificado para o resto do país o que se passava em Viana do Castelo”, sublinhou José do Carmo Reis.

Envergando cartazes com expressões como “Tortura não é arte nem cultura” ou “Tourada só na cama”, os manifestantes, de várias origens e idades, não se cansaram também de gritar “vergonha” a cada “olé” que se ouvia do interior da arena.

Entre os manifestantes estava o ex-autarca Defensor Moura, que em 2009 fez aprovar no executivo municipal a declaração de Viana do Castelo como cidade “anti-touradas”.

“É um dia triste mas o que se passou hoje só serve para nos dar mais força. Estou convicto que Viana do Castelo continuará a ser uma cidade anti-touradas”, admitiu.

A corrida desta tarde permitiu o regresso do cavaleiro António Ribeiro Telles a Viana do Castelo, cerca de uma década depois.

“Estou muito satisfeito, recordo-me quando cá vinha com o meu pai, mas não admito que estas pessoas [manifestantes] venham aqui insultar-me. Hoje chamaram-me nomes como nunca antes me tinham feito e eu exijo respeito”, afirmou o cavaleiro à agência Lusa.

Além de Ribeiro Telles, a tourada, que se iniciou depois da 17:00, contou com a presença de Luís Rouxinol, Pedro Salvador, Duarte Pinto e João Telles Júnior, bem como o matador de touros Luís “Procuna”.

O Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga viabilizou esta tourada ao dar cinco dias à organização para se pronunciar sobre os argumentos do município no recurso que este apresentou.

Na prática, esta decisão permitiu a realização da tourada, na freguesia de Areosa, apesar de a câmara insistir que a instalação daquela arena amovível, para 3.300 pessoas, foi feita em terrenos de “elevado valor paisagístico”, numa “violação grave” do Plano Director Municipal (PDM), da Reserva Ecológica Nacional e do Plano de Ordenamento da Orla Costeira.

Além disso, a Câmara, liderada por José Maria Costa, mantém a declaração, aprovada em reunião de câmara a 27 Fevereiro de 2009, de “anti-touradas”, ou seja não autorizando a realização de qualquer espectáculo do género em terrenos públicos ou privados.