As feministas francesas adoptaram as barbas postiças

Em França há um movimento feminista que tem pêlo na venta. Chama-se, muito apropriadamente, "La Barbe" e consiste em enviar mulheres com barbas postiças para reuniões e assembleias masculinas, onde lêem o seu manifesto anti-machista

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Nathanael Charbonnier

É um grupo de acção directa que se pretende humorístico e pantomineiro. Da última vez que este grupo de mulheres resolveu sacar das barbas e usá-las em público foi no Festival de Cinema de Cannes. Protestavam então contra o facto de, dos 22 filmes a concurso, nenhum deles ter sido realizado por uma mulher.

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É um grupo de acção directa que se pretende humorístico e pantomineiro. Da última vez que este grupo de mulheres resolveu sacar das barbas e usá-las em público foi no Festival de Cinema de Cannes. Protestavam então contra o facto de, dos 22 filmes a concurso, nenhum deles ter sido realizado por uma mulher.

“Genericamente, os acontecimentos feministas giram todos à volta das mulheres. Mas nós centramo-nos nos homens porque, para nós, o problema não está nas mulheres, mas nos homens”, disse à BBC um dos membros deste colectivo, Colette Coffin. É por isso que adoptaram as barbas postiças, um "look" roubado aos antiquados e todo-poderosos protagonistas da Terceira República francesa, num tempo em que as mulheres tinham muito pouco relevo na vida pública francesa.

Em francês coloquial a expressão “La Barbe” também significa qualquer coisa como “já basta”. O grupo inclui mulheres de todas as idades — de adolescentes a avós — e afirma que está unido em torno de um único objectivo: lutar contra o sexismo que ainda vigora na sociedade francesa, dizem. Isto apesar de o actual governo francês de François Hollande incluir um número recorde de mulheres — 17 —, ainda que muito poucas estejam à cabeça dos ministérios mais importantes.

Recentemente a BBC testemunhou uma das acções do colectivo feminista, quando este penetrou numa reunião de Franco-Mações, ainda que estes tenham permitido o acesso a mulheres em 2010. As feministas argumentam que esta entrada a mulheres foi muito criticada e muitos membros continuam a ser contra esta alteração e, fundamentalmente, bastante machistas. Daí o protesto, que acabou com a retirada das mulheres do local da reunião e uma queixa apresentada na polícia por maus tratos.

A primeira ministra francesa para os direitos das mulheres desde a década de 1980, Najat Vallaud-Belkacem, já admitiu recentemente que a França caiu diversos lugares nos "rankings" internacionais sobre igualdade de direitos e já prometeu lutar pela promoção da igualdade entre os géneros.

A governante também já fez saber que está a rever a actual legislação sobre assédio sexual e que serão apresentadas novas propostas sobre esta matéria ao novo Parlamento, já nas próximas semanas.