Os Mac estão menos imunes a vírus e a Apple já o percebeu

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Foto: Lou Dematteis/Reuters

Em abono da verdade, os Mac e o sistema operativo da Apple - o OS X - nunca foram inexpugnáveis. Sempre houve vírus a penetrar nos sistemas da empresa, mas a verdade é que era um problema residual e infinitamente menor que o malware produzido para infectar PC (personal computers) equipados com o sistema operativo Windows, da Microsoft.

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Em abono da verdade, os Mac e o sistema operativo da Apple - o OS X - nunca foram inexpugnáveis. Sempre houve vírus a penetrar nos sistemas da empresa, mas a verdade é que era um problema residual e infinitamente menor que o malware produzido para infectar PC (personal computers) equipados com o sistema operativo Windows, da Microsoft.

Porém, com a crescente utilização de produtos da Apple - que nos últimos anos criou objectos imensamente populares, como sejam o iPhone e o iPad -, acabou o tempo em que a empresa californiana se podia gabar de ter utilizadores que nem precisavam de fazer nada para estarem a salvo dos vírus. Era isso mesmo que os anúncios da Apple referiam até há bem pouco tempo. Agora, o slogan Safeguard your data. By doing nothing “[Guarde os seus dados. Não fazendo nada”] foi substituído por outro, mais matizado: Safety. Built in [Qualquer coisa como “Segurança a partir de dentro”].

Outro slogan recente da empresa era este: It doesn't get PC viruses [Não apanha os vírus dos PC]. Actualmente, esta frase foi substituída por uma outra, mais cautelosa: It's built to be safe [Construído para ser seguro]. O antes e o depois pode ser consultado aqui.

De acordo com Graham Cluley, consultor sénior da firma de segurança informática Sophos, esta atitude de “dar a mão à palmatória” seria difícil de imaginar nos tempos de Steve Jobs (o histórico CEO da Apple que morreu em Outubro do ano passado).

Em declarações ao PÚBLICO, Graham Cluley comenta: “Isto sugere que a atitude da empresa perante a segurança poderá estar a mudar lentamente. É difícil imaginar tamanha mudança de linguagem ser usada quando o Steve Jobs dirigia a empresa”.

A revolução de Abril

Esta mudança tornou-se clara para todos em Abril último, quando uma botnet (conjunto de computadores ligados em rede que correm o vírus automaticamente e podem ser programados para atacar um mesmo alvo em simultâneo) que dava pelo nome de Flashback atingiu mais de 600 mil Mac em todo o mundo, mais de metade dos quais só nos EUA. Os hackers aproveitaram-se de fragilidades em programas Java para acederem a computadores da Apple e daí retirarem informações sigilosas como palavras-passe e dados de contas bancárias.

Graham Cluley também confirma a mudança que tem ocorrido nos últimos tempos: “Recentemente, temos vindo a detectar um aumento no número de ‘infecções’ nos Mac. O nosso estudo mais recente a este respeito descobriu que aproximadamente um em cada 26 Mac estava infectado com alguma espécie de malware”.

“O problema é real e a Apple parece estar a ficar um bocadinho mais corajosa a admitir este problema”, acrescenta Cluley.

“Esperemos que cada vez mais proprietários de Mac percebam a importância da instalação de antivírus”, referiu ainda o perito em segurança informática.

O PÚBLICO contactou também o português Rui Santos, autor do livro “Fundamental do MAC OS X”, que constatou que “a Apple, devido ao crescente número de utilizadores, começa a ser um alvo apetecível para os hackers”.

Rui Santos frisa, porém, que “o facto de o Mac estar hoje mais susceptível de apanhar vírus não retira o que de bom têm os Mac, que é a conjugação de um software desenvolvido especificamente para um hardware, o que faz do Mac uma máquina fiável e rápida”.