Rep. Checa promete trancas à porta contra Portugal

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Não há dúvida nenhuma sobre o papel que os checos assumem antes de entrarem em campo. Sentem-se bem no seu fato de underdogs e assim querem continuar, escondidos no (quase) anonimato mas a afiarem as garras à espera da primeira oportunidade para atacarem. Com ou sem Tomas Rosicky, o farol que ilumina o jogo ofensivo da equipa: "Treinei-me hoje [ontem] mas veremos amanhã [hoje] se jogarei. Decidiremos em função de como reagir o meu tendão", explicou.

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Não há dúvida nenhuma sobre o papel que os checos assumem antes de entrarem em campo. Sentem-se bem no seu fato de underdogs e assim querem continuar, escondidos no (quase) anonimato mas a afiarem as garras à espera da primeira oportunidade para atacarem. Com ou sem Tomas Rosicky, o farol que ilumina o jogo ofensivo da equipa: "Treinei-me hoje [ontem] mas veremos amanhã [hoje] se jogarei. Decidiremos em função de como reagir o meu tendão", explicou.

A lesão no tendão de Aquiles da estrela do Arsenal pode não ser, porém, o tendão de Aquiles da República Checa. Daniel Kolár já foi utilizado como número 10 e não se deu mal. Para além disso, a principal força motriz da equipa, sublinha o seleccionador, é o conjunto, é o encaixe perfeito de uma roda dentada que só recentemente começou a girar. "Houve alguns problemas de renovação geracional, mas durante a qualificação fizemos uma equipa sem grandes estrelas, com excepção do Rosicky e do Cech, mas o espírito é bom", assinala Bílek.

Para a subida dos índices de confiança da comitiva muito contribuiu Marian Jelinek, um treinador de hóquei no gelo que trabalhou de perto com a selecção em Praga. "Convidámo-lo para nos dar uma palestra sobre motivação e a verdade é que nos ajudou", confirma o treinador que assinou a 27 de Maio um contrato de apenas um ano com a federação checa.

Se autoconfiança é coisa que não falta aos checos, pragmatismo também não. "Portugal tem jogadores perigosos do meio-campo para a frente. Vamos ajustar a nossa táctica e ser mais defensivos. Sabemos que é uma equipa muito compacta e equilibrada. Ronaldo é perigoso, mas não é o único", avalia Bílek. "Portugal é favorito, mas, se repetirmos as exibições dos últimos jogos, podemos seguir em frente".

Quem não vai na cantiga é Paulo Bento, que sabe bem o valor de um bluff bem feito ("Normalmente, guardamos a informação mais importante para nós") e que, tal como João Moutinho, enjeita o favoritismo. "As duas equipas partem na mesma situação. Se perdermos um por cento que seja da humildade, teremos muito mais dificuldades".

Dificilmente, de resto, Portugal encontrará via verde para o golo nos mesmos moldes a que teve direito a Rússia, no primeiro jogo. A derrota por 4-1 (a mais pesada dos checos numa fase final) levou Michal Bílek a repensar a estratégia: "Abrimos demasiado o jogo e fomos punidos. Desde então, reforçámos a defesa e essa foi a chave", reconheceu.

O facto de ter passado Michal Kadlec (filho de Miroslav Kadlec, que defrontou Portugal no Euro 1996) do lado esquerdo para o eixo também ajudou. O jogador do Bayer Leverkusen é uma pedra nuclear no 4-2-3-1 e o eleito na altura de bater as grandes penalidades (marcou três em três desde que Milan Baros, a primeira escolha, falhou frente à Lituânia).

A provocação de Rosicky

Tal como Bilek não vê apenas Ronaldo quando olha para o "onze" português, Bento também não se acautela somente com Rosicky. Aliás, essa não é uma questão relevante para o seleccionador: "Jogue Rosicky ou não, não abdicaremos da nossa estratégia".

Estratégia, essa, que passa por respeitar e potenciar as características individuais dos jogadores. "Uns estão mais talhados para funções defensivas, outros para funções ofensivas e outros para uma e para outra", respondeu, a propósito da provocação, momentos antes, de Tomas Rosicky ao "capitão" português ("É um jogador que pode dar-se ao luxo de não ajudar a defesa").

Ronaldo, juntamente com Pepe, Moutinho, Nani e Raul Meireles, sabe o que é ganhar à República Checa (3-1), tal como Petr Cech, Milan Baros e Jaroslav Plasil sabem o que é defrontar Portugal. Encontraram-se todos no último jogo entre as duas selecções, no Euro 2008, na altura na fase de grupos.

Esta noite, os seus caminhos voltam a cruzar-se, tal como se cruzam as previsões de duas lendas dos respectivos países. Eusébio aposta no triunfo português, Karel Poborsky atribui o favoritismo (outra vez) ao adversário, mas aponta ao apuramento dos checos.

Paulo Bento, que na quarta-feira cumpriu o 43.º aniversário, tem uma razão extra para contrariar o carrasco de Portugal nos quartos-de-final do Euro 1996: "Tentar transformar esta alegria que hoje [quarta-feira] é pessoal numa alegria colectiva".

Paulo Bento: "Jogue Rosicky ou não, não abdicaremos da nossa estratégia"