Manuel Alegre garante que vai continuar a escrever em “português antigo”

“Eu continuo a escrever daquela maneira, que é aquela que sei e não mudo. Não vou escrever coisas absurdas, como ‘seleção’ sem a dupla consoante. Não sou capaz”, referiu.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

“Eu continuo a escrever daquela maneira, que é aquela que sei e não mudo. Não vou escrever coisas absurdas, como ‘seleção’ sem a dupla consoante. Não sou capaz”, referiu.

Segundo Alegre, o acordo ortográfico “foi muito simplificado” e “muito centrado não propriamente na filologia, na linguística, mas na ortografia”.

“Em nome da globalização, [o acordo] abrasileirou a língua portuguesa, é uma capitulação e uma descaracterização da língua portuguesa. Hoje leio jornais e aquilo parece-me uma caricatura”, acrescentou.

Lembrou que, enquanto deputado, votou contra o acordo ortográfico e sublinhou que quem faz a língua “são os povos, os poetas, as pessoas” e que “a língua portuguesa é tanto mais rica quanto mais diversa”.

A riqueza da língua portuguesa, acentuou, “está no facto de ela ser una no essencial e depois diferente”.

“Eu continuo a escrever no português antigo, como aliás o Fernando Pessoa também escrevia. Fernando Pessoa dizia que a ortografia faz parte da estética da língua”, rematou.

Manuel Alegre falava em Forjães, Esposende, onde foi o convidado da iniciativa cultural “Na minha terra cabe o mundo todo”, promovido pela Junta de Freguesia local e pelas associações ACARF e MarUno.