Estudo sobre lesões: “Não é perigoso jogar futebol”

Um grupo de investigadores da UP debruçou-se sobre a incidência de lesões no futebol jovem em Portugal. As conclusões afastam a ideia de que o futebol é uma modalidade propensa a lesões

Fotogaleria

O cenário de paragem por lesão é o pesadelo de qualquer jogador. Contudo, nos jovens futebolistas, além do dissabor de ficar fora da competição, uma lesão pode acarretar consequências mais drásticas no seu desenvolvimento físico.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O cenário de paragem por lesão é o pesadelo de qualquer jogador. Contudo, nos jovens futebolistas, além do dissabor de ficar fora da competição, uma lesão pode acarretar consequências mais drásticas no seu desenvolvimento físico.

João Brito, docente na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, decidiu abordar o tema da lesão desportiva nos futuros craques na sua tese de doutoramento e desmistificar a ideia que o futebol é o desporto mais problemático, quando a explicação é pura lógica.

“Existe a ideia de que aquilo que mais aparece em termos de lesões desportivas são futebolistas, mas é normal porque é a modalidade mais praticada”, explica. “E se o risco é baixo, compensa em relação aos malefícios que pode ter o facto de os jovens não praticarem desporto”. Acresce o facto de o assunto não ter sido explorado em Portugal, porque “os estudos epidemiológicos que existem são de países da Escandinávia, EUA, Canadá e Austrália”.

A expectativa de encontrar outros padrões de lesão num país do sul da Europa, onde “o clima é diferente e a forma de jogar também”, foi outra das motivações. E o resultado traz à luz um dado surpreendente. “Há menos lesões do que noutros campeonatos”, revela João Brito ao P3.

“É preciso mais prevenção”

As lesões decorrem essencialmente de “colisões”. Só as pancadas "representaram 57 por cento” das ocorrências, sendo que esta tipologia de lesão “leva um tempo de paragem inferior”. 

O estudo teve a participação de 674 crianças com idades compreendidas entre os 11 e os 18 anos e o risco de lesão aferido – 1,2 lesões por 1000 horas de prática desportiva – significa que, em média, um atleta precisa de três épocas para contrair uma lesão. Constatou-se ainda que, em jogo, a possibilidade de lesão é quatro vezes superior à que se verifica em treino.

Em “colaboração com uma universidade de Copenhaga e uma do Texas”, o investigador conta que o estudo “centra-se essencialmente na prevenção de lesões futebolísticas”.

Apesar de a investigação esclarecer que o futebol não representa uma ameaça maior do que as outras modalidades para a integridade física de quem pratica, prevenir a lesão continua a ser uma área “pouco divulgada” em Portugal.

“É preciso mais educação na área da prevenção”. João Brito realça o “bom trabalho” da FIFA e destaca o programa de treino sugerido pela instituição. “Inicialmente eram 11 exercícios; o 11º era o fairplay”.