Alqueva quer pôr turistas "a ver estrelas" no melhor céu do mundo

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A observação de estrelas possui um potencial elevado entre os turistas

O número de turistas tem vindo a aumentar desde Janeiro, no Alentejo, em cerca de 15 %, apenas para ver as estrelas, constelações e galáxias distantes. A procura deste produto turístico fez com que estejam a ser instalados, desde o início deste mês, mais telescópios.

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O número de turistas tem vindo a aumentar desde Janeiro, no Alentejo, em cerca de 15 %, apenas para ver as estrelas, constelações e galáxias distantes. A procura deste produto turístico fez com que estejam a ser instalados, desde o início deste mês, mais telescópios.

A adesão das unidades de alojamento e de restauração não pára, percebendo a importância deste nicho de mercado. O céu de Alqueva foi reconhecido como o melhor do mundo, ao ser considerado como a primeira reserva a obter a certificação Starlight Tourism Destination, atribuída pela UNESCO e pela Organização Mundial do Turismo.

Nesta reserva, o visitante poderá realizar passeios pedestres e a cavalo, birdwatching e observação de estrelas, entre outras actividades nocturnas. Todas estas acções são proporcionadas pelas unidades de alojamento, de restauração e empresas de animação turística que já estão aptas a receberem os chamados "astroturistas".

A Reserva Dark Sky Alqueva é um projecto desenvolvido pela TGLA-Turismo Terras do Grande Lago do Alqueva, Genuineland-Rede de Turismo de Aldeia do Alentejo, Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas de Alqueva e a CCDR do Alentejo, em parceria com a Associação Portuguesa de Astrónomos Amadores. Abrange seis municípios - Portel, Reguengos de Monsaraz, Alandroal, Mourão, Moura e Barrancos -, nos quais há, até ao momento, 17 espaços dotados de todos os equipamentos para observação do céu.

Embora esta reserva tenha dado os primeiros passos há cerca de um ano e meio, só agora começa a ganhar maior dimensão. Desde o início que alguns empresários avançaram logo com a aquisição de equipamento para poderem ser auto-suficientes. "Contudo, já apresentámos uma candidatura com vista a dotar os espaços de mais equipamentos, tudo num investimento que ascende aos 700 mil euros", sublinhou a presidente da Genuineland, Apolónia Rodrigues.

A seu ver, esta aposta faz todo o sentido, uma vez que a nível mundial existem 25 milhões de astrónomos amadores. "Para o observador mais experiente e especialista em objectos do céu profundo (galáxias, nebulosas e aglomerados de estrelas) são visíveis a 52 graus de declinação sul. A poluição de pouca luz e claridade do céu proporciona uma oportunidade única para observar os objectos do céu profundo e ver a lua e os planetas de forma nítida", sustentou, acrescentando que a astrofotografia também pode ser feita com êxito.

A responsável lembrou que concorreram à mesma certificação locais do Chile, de Espanha, de França, da Nova Zelândia. "Todos com grandes estratégias em termos de turismo, mas nós fomos os primeiros a obter a certificação", frisou. E acrescentou: "O reconhecimento não assentou exclusivamente no facto de termos um céu escuro, magnífico, mas também pela sua transparência, por termos mais de 50% das noites sem nuvens, recursos turísticos, riqueza patrimonial e gastronómica."

Apolónia Rodrigues sublinhou ainda que as entidades parceiras pretendem criar um destino onde o motivo de atractividade seja a fruição de um céu livre de poluição luminosa, exemplificando que alguns concelhos já avançaram com medidas de diminuição da luminosidade, com a redução ou mesmo término da iluminação cénica, para que o céu fique ainda mais escuro e nele possam ser visíveis as estrelas. A Associação Portuguesa de Astrónomos Amadores, explicou, tem dado formação aos empresários do turismo, sobretudo ensinamentos sobre como utilizar os telescópios. Para aqueles que já são astrónomos amadores, esta pode ser uma forma de fazerem observações sem que tenham de vir com os equipamentos "às costas".