Especialistas em saúde mental preocupados com aplicação do plano nacional

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É necessário criar um novo plano nacional, defendem especialistas Foto: Reuters

A direcção da sociedade, reunida no domingo, em Lisboa, pretende diligenciar no sentido de ser feita uma urgente avaliação da execução do plano nacional. Muitas das intenções manifestadas no documento nunca foram aplicadas na prática, facto que preocupa os médicos psiquiatras.

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A direcção da sociedade, reunida no domingo, em Lisboa, pretende diligenciar no sentido de ser feita uma urgente avaliação da execução do plano nacional. Muitas das intenções manifestadas no documento nunca foram aplicadas na prática, facto que preocupa os médicos psiquiatras.

António Palha, presidente da SPPSM, lembra que o plano nacional de saúde mental previsto para aplicar entre 2007 e 2016 "já vai a mais de metade" e defendeu a necessidade de ser feita uma avaliação à sua execução

A SPPSM alerta para a importância da criação de uma rede de cuidados continuados para os doentes mentais crónicos, que necessitam de estruturas e locais adequados ao seu tratamento e que estão a ser enviados para casas sociais sem o devido acompanhamento médico, psicológico e de reabilitação, relata a sociedade em comunicado.

“Com o fecho dos hospitais, são precisas respostas comunitárias, mas as respostas tardam. Neste momento de crise é preciso uma estratégia”, diz à Lusa.

Para os profissionais, o plano encontra-se desadequado à realidade do país, uma vez que ocorreram muitas mutações a nível político, económico e social, levando-os a defender a criação de um novo plano, feito em colaboração com técnicos especializados e com experiência na área, apelam.

A SPPSM teme que com as restruturações das áreas de intervenção hospitalar a situação dos doentes mentais agudos possa vir a deteriorar-se. Além disso, apontou a necessidade de não deixar cair no esquecimento os doentes crónicos e de criar para eles um plano de reabilitação psico-social, pois há uma “certa tendência para achar que são casos sociais”, o que é um erro, alertou.

António Palha sublinha que, nos períodos de pobreza e miséria, há um aumento de prevalência das doenças mentais e físicas, e lembra que a saúde mental e física estão muito ligadas.

Outras preocupações que não estão a ser acauteladas dizem respeito às dificuldades sentidas no interior do país – como é o caso de Bragança, Castelo Branco ou Portalegre –, no que respeita a uma “assistência de qualidade”.

A SPPSM defende a elaboração de um novo plano que deverá contar com uma ampla colaboração de técnicos especializados e com experiência na área.

De recordar que, já no final da semana, o presidente da SPPSM, António Palha alertava para as dificuldades que os doentes têm em comprar medicamentos. Um aviso que foi reforçado por outros profissionais da área.

Notícia actualizada às 17h38. Foram introduzidas declarações de António Palha, presidente do SPPSM