Acções do Bankia sofrem forte queda após relatos de grandes levantamentos

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Governo e administração negam fuga de depósitos Paul Hanna/Reuters

As acções do banco chegaram a desvalorizar cerca de 30% hoje, relata o diário El Mundo, que avançou a notícia da corrida dos depositantes. Mas os títulos depois recuperaram parte da queda e perto das 14h de Lisboa desvalorizavam a um ritmo menor, mas, ainda assim, com uma descida de 10,94%.

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As acções do banco chegaram a desvalorizar cerca de 30% hoje, relata o diário El Mundo, que avançou a notícia da corrida dos depositantes. Mas os títulos depois recuperaram parte da queda e perto das 14h de Lisboa desvalorizavam a um ritmo menor, mas, ainda assim, com uma descida de 10,94%.

Desde a sua entrada em bolsa (a 20 de Julho do ano passado), a cotação do Bankia sofreu uma queda acumulada que chegou a atingir 68%, de 3,75 euros para os 1,187 euros a que chegou a cotar durante a manhã de hoje. Acabaria por fechar a sessão com uma queda de 14%, nos 1,422 euros. O índice IBEX 35 desceu 1,11%.

A preocupação entre os investidores está aparentemente a alastrar aos depositantes, que na última semana retiraram mais de mil milhões de euros da entidade, segundo fontes do conselho de administração da Bankia, citadas pelo El Mundo. O jornal diz que o administrador-delegado Francisco Verdu informou a administração da fuga de capitais, desde a passada quarta-feira, de mil milhões de euros, um valor que segundo o Financial Times representa menos de 1% do total de depósitos do banco.

Administração e Governo tentam tranquilizar

Perante o descalabro das acções e a notícia dos levantamentos da semana passada, o presidente do Bankia, José Ignacio Goirigolzarri remeteu um comunicado à autoridade espanhola do mercado de capitais, a CNMV, dizendo que os investidores “podem estar absolutamente tranquilos sobre a segurança das poupanças que confiaram à entidade”. O banco diz também que “a evolução dos depósitos na primeira quinzena de Maio teve uma carácter substancialmente sazonal”.

Entretanto, o secretário de Estado de Economía, Fernando Jiménez Latorre, veio a público negar que haja uma saída de depósitos do banco e assegurou que a instituição tem todas as condições para ser um êxito.

A nacionalização de 45% do capital do Bankia, no dia 9 da semana passada, com o compromisso de injectar o capital “estritamente necessário” para sanear o grupo, não parece ter tranquilizado nem accionistas nem depositantes.

A nacionalização aconteceu na sequência da decisão de converter em acções o empréstimo de 4465 milhões de euros que o Estado concedeu em finais de 2008 ao grupo Banco Financiero y de Ahorros (BFA), que controla o Bankia, resultante da fusão de várias caixas de poupança espanholas.

Bolsas do Sul caem mais

A derrocada da cotação do Bankia contribuía para a queda da Bolsa de Madrid, onde o IBEX 35 desvalorizava 1,27% perto das 14h, numa tendência que era comum às bolsas europeias, mas que era mais forte nas praças dos países do Sul.

Em Lisboa, o PSI 20 caía 1,69% à mesma hora, enquanto o FT MIB, de milão, descia 1,51%. A maior queda era em Atenas, com o principal índice a descer 2,72%.

A situação financeira da Espanha tem estado muito pressionada nas últimas semanas, com fortes subidas das taxas de juro nos mercados secundários, quer devido à crise grega (pois esta tendência é comum à Itália), quer também pelos receios relativos ao seu sistema bancário.

Entretanto, a agência de notação financeira Moody’s anunciou hoje que publicará nas próximas horas uma descida do rating do sector bancário espanhol, antecipando-se que o comunicado seja publicado às 20h00 de Lisboa.

As taxas implícitas espanholas a dez anos estavam a subir para 6,347% também perto das 14h, depois de o país ter pago mais 50% de juros do que há perto de dois meses em duas emissões de obrigações a médio prazo.

Notícia actualizada às 19h

com cotação do Bankia no final da sessão bolsista de hoje.