Relvas admite ter recebido propostas de nomes para as secretas

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Relvas admitiu que Silva Carvalho lhe enviou SMS com nomes de funcionários que deveriam ser promovidos Enric Vives-Rubio

Ouvido na Comissão de Assuntos Constitucionais, nesta terça-feira de manhã, na Assembleia da República, o ministro dos Assuntos Parlamentares afirmou não ter “pedido nenhum estudo de reestruturação” dos serviços de informação feito por Jorge Silva Carvalho, ex-director do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED).

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Ouvido na Comissão de Assuntos Constitucionais, nesta terça-feira de manhã, na Assembleia da República, o ministro dos Assuntos Parlamentares afirmou não ter “pedido nenhum estudo de reestruturação” dos serviços de informação feito por Jorge Silva Carvalho, ex-director do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED).

Porém, o governante assumiu ter recebido um “clipping de informação”, recolhido “em fonte aberta” (“era mal feito e tinha muita informação”, referiu), e admitiu que Silva Carvalho lhe enviou SMS com nomes de funcionários que deveriam ser promovidos a dirigentes. Não esclareceu, porém, se comunicou ou não ao primeiro-ministro – que tutela os serviços – a informação que recebeu de Silva Carvalho com nomes concretos para um novo organigrama das secretas.

Miguel Relvas não respondeu à questão, lançada pelos deputados do BE Cecilia Honório e do PCP António, Filipe, sobre se nunca se questionou em que estatuto Silva Carvalho lhe enviava clippings diários de imprensa e SMS e se sabia que as informações recolhidas ilegalmente no SIED eram depois remetidas, também ilicitamente, para Silva Carvalho, então já na Ongoing. Esta situação acabou com a exoneração na passada semana do director geral adjunto do SIED, João Bicho, que enviou a Silva Carvalho, pelo menos até Outubro do ano passado, resenhas de imprensa diárias, com notícias nacionais e internacionais.

Para Relvas, porém, “há uma diferença entre receber SMS e emails e trocar SMS e emails”. E “a realidade demonstra que essas alegadas influências não tiveram sequência”, disse, numa referência às “influências” que Silva Carvalho moveu junto de “dirigentes partidários” (entre os quais Relvas ), citadas no despacho de acusação do Ministério Público.

António Filipe notou, contudo, que Relvas “disse à comunicação social que não se lembra de ter recebido emails e SMS sobre a matéria e que daí não resultou nenhuma interacção”. “Convenhamos que há aqui uma contradição: se não recebeu não podia haver interacção”, afirmou o comunista.

Relvas não esclareceu porque disse, em Janeiro, que a notícia do PÚBLICO (sobre o envio do projecto de Silva Carvalho para o Governo) era “totalmente falsa”, admitindo na passada semana, quando o PÚBLICO escreveu o mesmo, que não se lembrava de ter recebido o plano de reforma das secretas feito por Jorge Silva Carvalho.

Também a pergunta de Cecília Honório sobre se Passos Coelho, que tutela os serviços, delegou em Relvas ou no seu gabinete qualquer responsabilidade sobre as secretas, ficou sem resposta.

Relvas disse ter conhecido Jorge Silva Carvalho quando foi eleito secretário-geral do PSD e enquanto exerceu funções partidárias esteve com ele “uma vez”. Mas mais tarde disse que quando Silva Carvalho estava ainda no SIED (até 2010) esteve “com ele várias vezes”. Depois de o responsável ter saído dos serviços de informação, Relvas encontrou-se com Silva Carvalho “apenas uma vez”. Não especificou se foi desta vez que se encontraram, já depois de Relvas chegar ao Governo, numa “festa de aniversário no Algarve, onde estavam centenas de pessoas”.

Notícia alterada às 13h:

retirado do título a palavra relatórios.