UE pede que Google adie novas políticas de privacidade

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As novas regras uniformizam o tratamento de dados em todos os serviços Lucy Nicholson/Reuters

O chamado grupo de trabalho do Artigo 29 (composto por membros das várias entidades de protecção de dados dos países da União Europeia) enviou uma carta ao CEO do Google, Larry Page, onde explica que “dado o grande leque de serviços que [o Google] oferece, e a popularidade destes serviços, mudanças na política de privacidade podem afectar muitos cidadãos na maioria, ou em todos, os estados-membros da UE”.

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O chamado grupo de trabalho do Artigo 29 (composto por membros das várias entidades de protecção de dados dos países da União Europeia) enviou uma carta ao CEO do Google, Larry Page, onde explica que “dado o grande leque de serviços que [o Google] oferece, e a popularidade destes serviços, mudanças na política de privacidade podem afectar muitos cidadãos na maioria, ou em todos, os estados-membros da UE”.

A carta, enviada nesta quinta-feira, pede uma “pausa” na aplicação das novas políticas e para analisar, “num procedimento coordenado”, as “possíveis consequências para a protecção de dados destes cidadãos”.

Nesta sexta-feira, a empresa respondeu e afirmou que as novas medidas não vão ser suspensas.

“Informámos a maioria dos membros do grupo de trabalho nas semanas que antecederam o anúncio”, lembra o responsável do Gogole para estes assuntos, Peter Fleischer, numa nota colocada no blogue da empresa dedicado às questões de privacidade da Europa. “Nenhum deles exprimiu preocupações substanciais nessa altura, mas é claro que temos todo o gosto em falar com qualquer autoridade de protecção de dados que tenha questões”.

O responsável enviou também uma longa carta ao grupo de trabalho, onde detalha as mudanças.

A carta conclui que “em nenhum ponto [depois de ter sido informado] o regulador europeu sugeriu que qualquer tipo de pausa seria apropriada. (...) Notificámos mais de 350 milhões de detentores de uma conta Google, além de que demos avisos altamente visíveis aos nossos utilizadores não autenticados”, escreveu Fleischer, referindo-se aos emails que começaram a ser enviados na semana passada e a avisos como o que foi colocado na página principal do motor de pesquisa. “Mais, a política [de privacidade] não entra em vigor até 1 de Março de 2012, já que quisemos dar mais do que tempo para os nossos utilizadores lerem e perceberem [as novas regras]".

As novas políticas de privacidade uniformizam as práticas para os mais de 60 serviços que a empresa oferece. O Google sublinha que não vai recolher mais informação, mas que passará a agregar os dados num perfil único, que será usado de forma transversal em todos os serviços (email, pesquisa, documentos e YouTube, por exemplo).

A empresa diz também ter simplificado o texto das políticas de privacidade. A complexidade deste género de documentos tem, aliás, sido uma das preocupações da União Europeia e na proposta da Comissão Europeia para novas regras relativas à protecção de dados, apresentadas no final do mês passado, está incluída a simplificação das informações dadas pelas empresas aos utilizadores e clientes.

O grupo de trabalho do Artigo 29 designou a autoridade francesa de protecção de dados para levar a cabo a tarefa e ser o ponto de contacto com o Google.