Tabaco de enrolar é melhor para o bolso, mas mau para a saúde

O consumo de cigarros artesanais disparou mas os benefícios são só económicos. Apesar do aspecto "eco-friendly", podem ser tão ou mais prejudiciais ao organismo

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Cigarro artesanal ou industrial, tanto faz - são ambos prejudiciais à saúde Nathan Mega/Flickr

São cada vez mais os portugueses que vêem no tabaco de enrolar uma solução mais económica. De acordo com dados da Direcção-Geral das Alfândegas e dos Impostos Especiais sobre o Consumo (DGAIEC), o comércio de tabaco de corte fino, como também é conhecido, mais do que duplicou em Dezembro de 2011 em relação a igual período de 2010.

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São cada vez mais os portugueses que vêem no tabaco de enrolar uma solução mais económica. De acordo com dados da Direcção-Geral das Alfândegas e dos Impostos Especiais sobre o Consumo (DGAIEC), o comércio de tabaco de corte fino, como também é conhecido, mais do que duplicou em Dezembro de 2011 em relação a igual período de 2010.

Valter Botelho, 34 anos, optou recentemente por esta solução. Contas feitas, cada 20 cigarros ficam-lhe a cerca de €2,80. Menos 90 cêntimos do que um maço da marca que fumava anteriormente.

Mas desengane-se quem pensa que pode ser menos nocivo para a saúde. “Os efeitos nefastos têm a ver com o consumo do fumo do tabaco”, independentemente dee este estar preparado sob a forma de um cigarro industrial ou artesanal”, explicou ao P3 Joaquim Esteves da Silva, docente do Departamento de Química e Bioquímica da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP).

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20 cigarros enrolados à mão podem custar menos 90 cêntimos do que um maço industrial ambulancia/Flickr

Artesanal "versus" industrial

Artesanal ou industrial, tanto faz - são ambos prejudiciais à saúde. Factores como o papel usado na elaboração do cigarro são de ter em conta. “Quanto mais pesado for, mais alcatrão leva”, alerta a pneumologista Isabel Gomes, que dá consultas de cessação tabágica no Hospital de São João no Porto. O tabaco de enrolar é “uma alternativa mais económica” e por isso pode “levar a determinado tipo de conceitos, de ser 'eco-friendly' ou natural”, mas a verdade é que os malefícios “não deixam de existir”, realça.

O facto de, no caso do tabaco de enrolar, haver a possibilidade de não colocar filtro é outra preocupação destes especialistas, que vêem aumentar esta alternativa de consumo entre os portugueses. “O consumo de tabaco de enrolar sem filtro leva à entrada de uma maior carga de substâncias poluentes tóxicas para os pulmões”, alerta o docente da FCUP.

Quando confrontado com o que disseram estes especialistas, Valter ficou surpreendido. “Posso escolher as quantidades que quero pôr e faço cigarros mais leves, com menos tabaco”, explica. “Por isso pensei que fazia menos mal”, remata.

A quantidade de um cigarro feito em casa é de facto regulável. Contudo, com mais ou menos tabaco, os prejuízos para a saúde são os mesmos, com menor ou maior gravidade. “O único comportamento seguro é não fumar”, finaliza Joaquim Esteves da Silva.