Abundam os castelos e os leões nos emblemas nacionais

Águia só há uma, leões há muitos. A rivalidade simbólica entre os dois animais é histórica

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O leão, explica Miguel Metelo de Seixas, é a figura heráldica. E é também aquele que está mais representado na principal divisão do futebol português.

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O leão, explica Miguel Metelo de Seixas, é a figura heráldica. E é também aquele que está mais representado na principal divisão do futebol português.

São três os clubes que o têm nos seus emblemas, Sporting, Marítimo e Olhanense (mais um na II Liga, o Sporting da Covilhã). Águia é apenas uma, a do Benfica (cinco na II Liga: Portimonense, Penafiel, Oliveirense, Santa Clara e Aves), e, como observa o professor da Universidade Lusíada, a rivalidade simbólica entre os dois animais antecede em muito a que opõe os dois clubes de Lisboa.

“A heráldica medieval é percorrida pela rivalidade entre dois potenciais reis dos animais, o leão e a águia. Olhando para a Europa, as áreas politicamente dominadas pela águia opõem-se às do leão. Por exemplo, o Sacro Império Romano-Germânico (a Alemanha) sempre teve a águia e, em redor da Alemanha, em todas as fronteiras do império alemão, é uma cintura de territórios dominados pelo leão”, refere Miguel Metelo de Seixas.

Rivalidade histórica

Esta rivalidade transferiu-se para o desporto português cimentada por décadas de convivência na mesma cidade, embora seja difícil de demonstrar que essa era a intenção dos fundadores de Benfica e Sporting - uma primeira versão do emblema do Benfica surge em 1908 da composição dos símbolos dos dois clubes que lhe deram origem, o Grupo Sport Lisboa (águia, bola e vermelho e branco) e o Grupo Sport Benfica (bola e roda de bicicleta); o Sporting adoptou desde a sua fundação, em 1906, o “leão rampante”, retirado do brasão de uma família nobre.


Para além da águia e dos três leões, apenas mais um animal existe nos emblemas da primeira liga, o galo do Gil Vicente, embora esta seja uma criação recente. Mais comum é a presença de torres e castelos, que estão nos emblemas de seis clubes: FC Porto, Sp. Braga, Rio Ave, União de Leiria, Vitória de Setúbal e Feirense. “Esses elementos estavam muito presentes na heráldica municipal.

A ideia era a de transmitir o poder local. Cada município tinha capacidade própria para recrutar forças, construir muralhas. É a representação do poder militar que cabia aos municípios, algo que transitou para o futebol através, quer das coroas murais, quer do elemento solto”, frisa Metelo de Seixas - os emblemas do FC Porto e do Sp. Braga, pela sua inspiração na heráldica municipal, apresentam a figura da Virgem, segurando o menino Jesus, ladeada por duas torres.

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