Há um “gravíssimo risco” de “desagregação” na Europa, alerta Jorge Miranda

"A própria Alemanha a muito breve prazo irá sofrer as consequências. A muito breve prazo não serão só os países da periferia que serão sacrificados", afirmou Jorge Miranda, considerando que a Europa "corre o gravíssimo risco de uma desagregação".

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"A própria Alemanha a muito breve prazo irá sofrer as consequências. A muito breve prazo não serão só os países da periferia que serão sacrificados", afirmou Jorge Miranda, considerando que a Europa "corre o gravíssimo risco de uma desagregação".

O professor de Direito falava no congresso internacional sobre os 25 anos da União Europeia na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.

Para o constitucionalista, a "construção europeia tem sido feita pelos Governos", com "tecnocratas e especialistas eminentes", mas praticamente sem os cidadãos.

"Os cidadãos dos estados membros têm tido um papel muito reduzido na construção europeia", disse.

"Tudo se decide na base de um encontro entre dois dirigentes políticos", afirmou Jorge Miranda, tendo depois corrigido a afirmação dizendo que, na realidade, trata-se de "uma dirigente e um dirigente político mais ou menos satélite que a acompanha", numa referência à chanceler alemã e ao presidente francês.

O professor de Direito "preferia" que a Europa não caminhasse para uma solução de tipo federalista, mas avisou que se vai seguir essa via terá que ser "coerente" e ir "até ao fim" das consequências desse federalismo.

"Uma união federativa pressupõe uma igualdade dos estados membros e não existe isso na União Europeia", afirmou.