Portugal precisa de desvalorização de 22%

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Enric Vives-Rubio (arquivo)

Uma desvalorização real desta ordem de grandeza e feita de forma rápida só pode, para uma economia como a portuguesa, que não tem o controlo autónomo da sua política cambial, acontecer por via de uma redução dos custos laborais, ou seja, com cortes salariais reais e outra medidas que conduzam ao mesmo tipo de resultado para as empresas.

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Uma desvalorização real desta ordem de grandeza e feita de forma rápida só pode, para uma economia como a portuguesa, que não tem o controlo autónomo da sua política cambial, acontecer por via de uma redução dos custos laborais, ou seja, com cortes salariais reais e outra medidas que conduzam ao mesmo tipo de resultado para as empresas.

A análise foi feita aos países da zona euro mais afectados pela actual crise e apenas para a Grécia é diagnosticada uma necessidade de desvalorização superior, de 27%. Muito atrás, ficam a Itália, com 11,2% e a Espanha, com 3,2%. A Irlanda, diz o estudo, não precisa de qualquer desvalorização.

A situação difícil que Portugal enfrenta é decorrente do elevado défice externo que actualmente regista (maior do que a Grécia em 2011) e é destacada pelos autores do estudo, que dão nota das grandes dificuldades de implementação prática de medidas capazes de concretizar um ajustamento desta magnitude.

Curiosamente, os especialistas do Peterson Institute for International Economics apontam como possível solução para este problema a aplicação de uma medida de desvalorização fiscal, que reduza os custos laborais para as empresas (com um corte na TSU), fazendo subir em compensação as taxas de IVA. No estudo é mesmo afirmado que Portugal decidiu aplicar uma medida deste tipo, uma informação errada, certamente baseada no primeiro acordo firmado por Portugal com a troika. Esta medida foi substituída em Portugal por um aumento do horário de trabalho em meia hora.