Consórcio nacional produz ferramenta gratuita que avalia desertificação

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O consórcio está ligado à segunda fase do Desert Watch, um projecto da Agência Espacial Europeia que tem como objectivo apoiar a Convenção de Combate à Desertificação das Nações Unidas.

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O consórcio está ligado à segunda fase do Desert Watch, um projecto da Agência Espacial Europeia que tem como objectivo apoiar a Convenção de Combate à Desertificação das Nações Unidas.

O trabalho português, liderado pela empresa Critical Software, teve como objectos de estudo o território português, Moçambique e a região do Nordeste do Brasil.

O objectivo era “desenvolver indicadores de desertificação, utilizando apenas dados de observação da terra ou dados de distribuição gratuita”, explicou Maria João Pereira ao PÚBLICO, investigadora do Instituto Superior Técnico. No futuro este modelo pode ser utilizado por países com poucos recursos, que não têm sequer um histórico de dados meteorológicos.

O que são dados de observação de terra? Neste caso, foi o estado da vegetação dado pelas imagens de satélite. “Sabemos que a vegetação tem uma resposta [à desertificação]”, explicou a docente. Quando a saúde da vegetação enfraquece, há uma alteração na luz que vem do Sol e é reflectida pelas plantas, e esta alteração pode ser vista ao longo do tempo. “Nas zonas susceptíveis [à desertificação] este sinal ao longo de muitos anos indica o declínio da vegetação”, explicou.

As imagens de satélite utilizadas foram produzidas pelos satélites da NASA que fazem parte do programa Land Sat. São os que estão em actividade há mais tempo, desde 1989, e disponibilizam gratuitamente as imagens. “Qualquer pessoa em qualquer parte do mundo tem acesso a estes dados”, disse a investigadora. Às imagens de satélite juntam-se dados do clima reunidos pelo Centro Europeu de Previsão de Tempo.

O modelo construído pelo IST reúne estes dados, ou imagens de solo quando não há vegetação, e constrói um mapa que mostra as áreas em degradação. São “áreas que devemos intervir para tentar reverter o processo, podemos implementar medidas no terreno que podem mitigar os efeitos”.

Em Portugal, que tem um terço do território em processo de desertificação, a área mais susceptível é “a parte interior do Algarve e Alentejo”, segundo a informação do mapa construído pelo programa, que entretanto já foi validado independentemente. A investigadora garante que desde 1989 até hoje nota-se a degradação desta região.

A ferramenta será depois cedida à Autoridade Nacional das Florestas e à Direcção Geral do Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano, poderá assim ser utilizada para a gestão de território. O mapa do Brasil está agora a ser validado, em Moçambique, o processo de validação está atrasado.

Além da Critical Software e do IST, fizeram parte deste projecto a empresa Deimos Engenharia e o Instituto Geográfico Português.