Grécia: retrato de jovens com a vida em suspenso

Saem à rua em forma de protesto e aproveitam as potencialidades da Internet, mas sentem-se com a vida em suspenso. O P3 mostra como é ser um adulto jovem da Grécia

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Jovens sentem-se como se alguém tivesse carregado no botão de pausa de um telecomando das suas vidas Reuters

O Fundo Monetário Internacional (FMI) foi implacável ao afirmar, a 20 de Setembro, que Portugal e Grécia serão as economias mais fracas do mundo em 2012. E não é só a crise económica que aproxima estes dois países europeus, tantas vezes colocados lado a lado como personificações do mal, no que a questões orçamentais e de dívida diz respeito. Austeridade tornou-se numa das palavras mais ouvidas – e sentidas – nestes dois países.

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O Fundo Monetário Internacional (FMI) foi implacável ao afirmar, a 20 de Setembro, que Portugal e Grécia serão as economias mais fracas do mundo em 2012. E não é só a crise económica que aproxima estes dois países europeus, tantas vezes colocados lado a lado como personificações do mal, no que a questões orçamentais e de dívida diz respeito. Austeridade tornou-se numa das palavras mais ouvidas – e sentidas – nestes dois países.

A Grécia lida, diariamente, com a existência de grandes manifestações de rua e greves gerais, como a dos trabalhadores do sector público, que ontem paralisou o país. E não são só os mais velhos que protestam. Os outros, os mais jovens, também gritam bem alto. Nas últimas semanas foi a vez de os estudantes universitários se fazerem ouvir, num protesto contra as reformas em estudo para o Ensino Superior.

Qualquer coincidência entre as reivindicações da população mais jovem da Grécia e as da portuguesa "Geração à Rasca" não é mera coincidência. Os jovens gregos saem à rua em protesto mais vezes do que os portugueses e vêem-se a braços com o mesmo tipo de dificuldades. Económicas e sociais. Emprego é o que mais falta.

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Os jovens gregos protestam mais vezes do que os portugueses e vêem-se a braços com o mesmo tipo de dificuldades Reuters

O P3 conversou com quatro adultos jovens da Grécia. Todos trabalham, mas não é por isso que sentem menos na pele as dificuldades. Tomam, até, as dores de todos os outros jovens que não têm a mesma sorte.

Coleccionadores de canudos

Em comum têm diplomas universitários – às vezes mais do que um – e o sentimento de que não têm culpa nem responsabilidades na situação de crise que o seu país atravessa. Para Marianna Vasileiou, de 27 anos, os jovens gregos "não conseguem avançar". Têm a vida em suspenso, como se alguém tivesse carregado no botão de "pausa" de um telecomando e se tenha esquecido de fazer "play" de novo.

Artista visual, Evi Apostolou prefere a metáfora de que combatem "um inimigo sem rosto" que, pelas suas características globais, não lhes dá nenhuma pista de como o podem tentar combater. É uma situação "injusta", acima de tudo.

Eva Levi tem perfeita consciência da "sorte” que tem em não viver, diariamente, com a corda no pescoço. Por trabalhar no sector privado, não sente na pele, diariamente, o medo de perder o emprego. Espera um novo ano "muito mau", só suportável se se eliminarem os pequenos luxos de cada um.

Esteve fora da Grécia nos últimos dois anos e acha que os jovens gregos pouco mais podem fazer, hoje em dia, do que esperar que a crise passe. Matemático de profissão, Ioannis Papageorgiou acredita que o pior ainda está para vir, ainda que, daqui por 10 ou 15 anos, esta crise se possa transformar numa oportunidade para mudar o que está mal naquele país.