Primeiro-ministro diz que aceita críticas mas não vira a cara às dificuldades

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O primeiro-ministro está esta manhã em Campo Maior a visitar o último dia das festas do povo, seguindo depois para Castelo de Vide Daniel Rocha

Pedro Passos Coelho foi hoje questionado pelos jornalistas em Campo Maior sobre se o Governo perdeu “o estado de graça” e sobre as críticas internas que têm sido feitas às medidas do Executivo.

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Pedro Passos Coelho foi hoje questionado pelos jornalistas em Campo Maior sobre se o Governo perdeu “o estado de graça” e sobre as críticas internas que têm sido feitas às medidas do Executivo.

“Eu quando me candidatei à liderança do Governo sabia que ia encontrar uma situação muito difícil, portanto, não estava à espera de ser primeiro-ministro num tempo de facilidades mas também não viro a cara à primeira dificuldade”, disse o primeiro-ministro.

Passos Coelho referiu ainda que “as pessoas que pensam poder viver e trabalhar sem críticas enganam-se porque não há ninguém que possa estar isento de críticas e eu aceito as críticas de muito bom grado”.

“Há uma coisa que os portugueses sabem e podem contar da minha parte é que não sou do género de ficar em casa a lastimar-me nem desistir daquilo que é importante fazer para Portugal: nós estamos abertos à crítica e estamos abertos ao diálogo, mas sabemos para onde queremos ir e não vamos desistir”, concluiu.

A imprensa tem dado conta de várias críticas feitas nos últimos dias, entre as quais as de Ferreira Leite que falava no semanário “Expresso” da “pouca justiça e eficácia” da política fiscal seguida pelo Governo.

O primeiro-ministro está esta manhã em Campo Maior a visitar o último dia das festas do povo, seguindo depois para Castelo de Vide, onde participa no encerramento da Universidade de Verão do PSD.

”Gastar menos”

Passos Coelho disse ainda que a “única maneira” de sair da crise de “cara levantada” passa por “gastar menos”.

“Quando se gasta mais do que se tem, tem que se passar a gastar menos e gastar menos é um aborrecimento, gastar menos é a única maneira de sair desta crise de cara levantada”, afirmou.

“Muitos durante muito tempo pediram ao Governo que apresentasse os cortes na despesa, agora que apresentamos os cortes ‘aqui d’el Rei’ que eles fazem falta, que não se pode tirar daqui, que não pode tirar dali, que não se pode tirar de acolá”, criticou.

Para justificar as medidas tomadas pelo Governo, Pedro Passos Coelho falou das áreas da Saúde e Educação.

“As pessoas sabem que a Saúde ficaria muito pior se Portugal se mantivesse num ritmo de endividamento. Porque chegaria uma altura em que os hospitais não teriam mesmo dinheiro para fazer aquilo que é preciso para salvar a vida das pessoas, para cuidar do bem-estar da população”, declarou.

“É justamente para que isso não aconteça que nós temos que aprender a gastar menos e melhor, o mesmo na Educação”, sublinhou. “O que nós não queremos é que um dia as escolas não tenham condições para poder desenvolver a sua função e era isso que aconteceria se continuássemos a gastar de qualquer maneira, aliás não o podíamos fazer porque tínhamos que o pedir emprestado e já ninguém nos emprestava dinheiro para esse efeito”.

Não confundir direito à greve com motins

O primeiro-ministro alertou igualmente para o perigo de se confundir o direito à manifestação e à greve com motins e tumultos.

“Em Portugal, há direito de manifestação, há direito à greve. São direitos que estão consagrados na Constituição e que têm merecido consenso alargado em Portugal”, lembrou.

Mas, continuou, “nós não confundiremos o exercício dessas liberdades com aqueles que pensam que podem incendiar as ruas e ajudar a queimar Portugal”.

“Pode haver quem se entusiasme com as redes sociais e com aquilo que vê lá fora, esperando trazer o tumulto para as ruas de Portugal”, mas, acentuou Passos Coelho, “nunca iremos por aí”.

“Aqueles que pensam que podem agitar as coisas de modo a transformar o período que estamos a viver numa guerra com o Governo”, quando o que existe é “uma guerra contra o atraso, a dívida e o desperdício”, esses “saberão que nós sabemos dialogar, mas que também sabemos decidir”, avisou.

Notícia actualizada às 13h23