Agência S&P coloca rating do Chipre sob revisão negativa

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Chipre aderiu à zona euro em 2008 Katarina Stoltz/Reuters

Para a S&P, a posição orçamental do Chipre está a tornar-se insustentável, agravada pela crise política interna que coloca dificuldades ao Governo de Nicósia para aprovar medidas de austeridade no Parlamento.

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Para a S&P, a posição orçamental do Chipre está a tornar-se insustentável, agravada pela crise política interna que coloca dificuldades ao Governo de Nicósia para aprovar medidas de austeridade no Parlamento.

Numa nota divulgada hoje, a agência espera que o executivo possa implementar o plano de consolidação das finanças públicas e de promoção do crescimento económico previsto arrancar a 25 de Agosto, mas diz que “continua incerta” a forma como Governo vai tornar essas medidas exequíveis.

A maior dúvida levantada pela agência tem a ver com o objectivo “ambicioso” de reduzir o défice público para os 2,5 por cento nos próximos anos, sem cortes adicionais nos salários públicos.

Ao mesmo tempo, diz a S&P, o facto de o sector financeiro cipriota ter uma elevada exposição à dívida grega coloca mais incertezas para o lado da banca nacional: sobretudo quanto à participação das instituições privadas no novo plano de resgate a Atenas. “Isso torna difícil estimar as potenciais necessidades de capital adicional do sector financeiro cipriota e como isso pode pesar sobre as finanças públicas”, justifica a agência.

Foi com base neste argumento que a S&P cortou o rating do Chipre no final de Julho, colocando-o a três níveis da classificação de “lixo” financeiro, já depois de os líderes europeus terem acordado os termos do novo pacote financeiro para a Grécia.

Quando as agências colocam a dívida de um país em revisão negativa, não é claro quanto tempo depois poderá baixar o rating, mas, por regra, o corte pode acontecer nas semanas seguintes.

O radar das agências de notação disparou em particular desde que o Governo cipriota mergulhou numa crise política. A Fitch, outra das três principais agências norte-americanas, baixou o rating do Chipre na última quarta-feira, para dois níveis de “lixo”. O argumento: as dificuldades que o Estado poderá enfrentar no acesso aos mercados internacionais para financiar a dívida que vence neste e no próximo ano.