COP espera 70 a 80 atletas portugueses nos JO de Londres

Em entrevista à agência Lusa, a um ano do início da competição em Londres, Vicente Moura, presidente do COP, diz que Portugal terá uma das maiores comitivas de sempre, mas dificilmente com modalidades de conjunto.

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Em entrevista à agência Lusa, a um ano do início da competição em Londres, Vicente Moura, presidente do COP, diz que Portugal terá uma das maiores comitivas de sempre, mas dificilmente com modalidades de conjunto.

“Será possível irmos até essa ordem de grandeza, 70 a 80 atletas. Isto porque, infelizmente, os desportos coletivos não vão estar presentes, muito dificilmente estarão presentes”, explicou o dirigente, lembrando que o voleibol é a única ainda com hipóteses remotas de qualificação.

Vicente Moura lamenta o “divórcio” dos desportos coletivos com os Jogos Olímpicos e realça diferenças de vontade nas modalidades.

“Há aqui duas circunstâncias: uns não querem, outros não podem. O futebol não quer, não estou a dizer que o futebol não se tenha qualificado propositadamente, mas sabemos que a FPF vê a participação olímpica como uma participação menor”, lamentou.

Depois do fracasso em Pequim2008 quanto às metas traçadas para a conquista de quatro a cinco medalhas -- o que chegou a estar escrito e contratualizado com o Instituto do Desporto de Portugal -- Vicente Moura diz que já não comete o mesmo erro.

“Desta vez isso não acontece: o programa que assumi com o governo não prevê lugares de pódio, prevê boa representação, condigna, etc... mais atletas, talvez mais modalidades, mas não mais do que isso”, justificou o presidente do COP.

O passado foi pedagógico e Vicente Moura referiu que não cairá no mesmo erro, depois da experiência em Pequim, onde acabou por ver apenas Nélson Évora (medalha de ouro no triplo salto) e Vanessa Fernandes (prata no Triatlo) conquistar medalhas.

“Estou ‘proibido’ de falar em medalhas e não falarei até aos Jogos, também tenho capacidade de aprendizagem. Não vamos até Londres assumir nenhum lugar de pódio, nem eu, nem o chefe de missão, mas que podem acontecer, podem”, salientou.

A situação na capital chinesa, com o contrato então assinado com o IDP, ainda hoje traz amargos de boca ao dirigente que, numa auditoria recente, chegou a ser questionado em relação às verbas entregues pelo Estado e que não se traduziram em medalhas.

Com Londres2012 em contagem decrescente, a um ano do início, é agora que começa o grosso das qualificações e é aí que Vicente Moura fala na importância de gestão do pico de forma por parte dos atletas.

“Este é o ano fundamental. Se o atleta se qualificar este ano, poderá traçar um calendário mais exigente para estar no topo de forma física durante os Jogos, esse atleta terá bons resultados”, frisou.

A observação de Vicente Moura vai também para os atletas que encaram a participação como o culminar de um trabalho e chegam aos Jogos “numa situação física depauperada”, acabando por ser eliminados à primeira.

A capital inglesa oferecerá, segundo o presidente do COP, uns Jogos Olímpicos de regresso à normalidade, depois da “loucura” de Pequim, em grande escala, num acontecimento não só desportivo, mas também político.

“Penso que os Jogos vão ter outras características, mais pequenos e envolvendo muito menos gente ao nível de voluntários, ao nível da participação na abertura e no encerramento, mas em termos técnicos vão ser muito exigentes”, admitiu.

A missão a Londres2012 tem um apoio do Estado na ordem dos 14,6 milhões de euros, cujo pagamento tem sido feito como previsto: “Não é por aí que se pode clamar que os resultados não vêm de Londres”, concluiu.