Estado colocou dívida abaixo do objectivo e com juros a subir

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O presidente do IGCP, Alberto Soares, teve hoje mais uma prova de fogo

A operações de hoje consistiu num leilão de Bilhetes do Tesouro a três meses, com um montante indicativo entre 750 e 1000 milhões de euros, pelo que o montante arrecadado pelos cofres públicos ficou abaixo do ponto médio deste intervalo e foi por isso que os juros não foram ainda mais elevados.

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A operações de hoje consistiu num leilão de Bilhetes do Tesouro a três meses, com um montante indicativo entre 750 e 1000 milhões de euros, pelo que o montante arrecadado pelos cofres públicos ficou abaixo do ponto médio deste intervalo e foi por isso que os juros não foram ainda mais elevados.

A taxa de 4,926 por cento paga hoje representa uma ligeira subida de 1,3 por cento face aos 4,863 pagos no último leilão a três meses, a meio do mês passado, valor esse que representava uma descida de 2,1 por cento que os 4,967 por cento pagos no dia 1 desse mês, a taxa mais elevada para este prazo.

A procura de 1733 milhões de euros, o que representa pouco mais do dobro do montante colocado, face a 2,4 vezes o montante colocado na emissão de meio do mês passado, que era uma operação conjunta com leilão também de títulos a seis meses a cargo do ICGP (Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público), que gere a dívida pública.

A operação de hoje foi “claramente afectada” pela descida abrupta da nota da dívida portuguesa anunciada ontem pela Moody’s, na opinião do gestor do Mercado de dívida do Banco Carregosa, Filipe Silva. “Este leilão teve um custo adicional para o Estado, que podemos atribuir à descida de rating. O Estado optou por colocar apenas 840 milhões de euros, porque a taxa seguinte do leilão era de 5,05 por cento, e o IGCP não aceitou colocar mais dívida subindo a taxa”, afirmou aquele responsável numa declaração remetida ao PÚBLICO.

De ontem para hoje as taxas a um ano nos mercados secundários subiram quase três pontos percentuais, para perto de 12 por cento, segundo a agência Reuters, o que na opinião de Filipe Silva afectou “claramente” o leilão de hoje, porque “quem foi ao leilão acabou por exigir mais do que era previsto, até porque na última semana e meia estávamos a assistir a uma descida nas taxas de curto prazo”.

“A boa notícia é que o Estado conseguiu emitir dívida, a má é o preço agravado a que o fez”, disse ainda.