Jornalista da TSF recebe prémio Rei de Espanha

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O jornalista quis eternizar na reportagem os sons do Haiti Carlos Barria/Reuters

João Francisco Guerreiro guarda os sons daquela reportagem na cabeça. Perseguem-no até hoje, contou à Lusa, recordando as palavras de um homem, exausto após uma longa jornada a transportar feridos, que abordou o jornalista dizendo-lhe “tenho fome”.

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João Francisco Guerreiro guarda os sons daquela reportagem na cabeça. Perseguem-no até hoje, contou à Lusa, recordando as palavras de um homem, exausto após uma longa jornada a transportar feridos, que abordou o jornalista dizendo-lhe “tenho fome”.

“Não o pude ajudar, pois quando voltei com uma lata de comida já não o encontrei, mas tenho presentes as suas palavras”.

A “grande riqueza de vozes” do trabalho de João Francisco Guerreiro foi, aliás, elogiada aquando do anúncio dos vencedores da 28.ª edição do certame.

João Francisco Guerreiro confessa que alguns desses sons ainda hoje o perseguem, tamanha a dor, o sofrimento, mas também a esperança, que testemunhou nos dias seguintes ao sismo que atingiu o Haiti a 12 de Janeiro do ano passado e que causou mais de 220 mil mortos.

“A minha principal intenção foi recriar os ambientes sonoros com que fui confrontado: gritos de alguém em sofrimento ou com fome e sede”, disse.

No discurso de encerramento da cerimónia de entrega dos Prémios Internacionais de Jornalismo Rei de Espanha, o rei Juan Carlos destacou a pressão provocada hoje pelo cariz da informação “imediata, interactiva e ao alcance de todos”, e sublinhou que as “tecnologias marcam novos ritmos e obrigam a assumir novos formatos, vias e formas de comunicação”.

Ainda assim, insistiu, “tem-se sempre que valorizar a vontade e a capacidade de um jornalista que ajude a compreender o que está a acontecer”.

Na era da multimédia”, disse, “é igualmente necessária a aposta pela qualidade, pela fiabilidade, pelo critério e pela confiança dos cidadãos nos órgãos de comunicação”.

Os prémios, convocados pela Agência Efe e pela Agência Espanhola de Cooperação Internacional (AECID) foram hoje entregues na Casa da América, em Madrid. A TSF recebe assim pela segunda vez este galardão, depois de, em 2006, a jornalista Cláudia Henriques também ter ganho este prémio para a categoria de rádio com uma reportagem sobre as vítimas do atentado de 11 de Março, em Madrid, um ano depois desse atentado.

Podem concorrer a estes prémios jornalistas dos países ibero-americanos, Estados Unidos, Filipinas, Guiné Equatorial, Israel e Marrocos, com trabalhos publicados em português ou espanhol.

Este ano, concorreram 170 trabalhos.