A androginia de Andrej Pejic faz furor nas passerelles

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Andrej Pejic, de 19 anos, nasceu na Bósnia e foi criado em Melbourne. Foi descoberto no ano passado por criadores europeus que ficaram fascinados com a ambiguidade da sua aparência.

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Andrej Pejic, de 19 anos, nasceu na Bósnia e foi criado em Melbourne. Foi descoberto no ano passado por criadores europeus que ficaram fascinados com a ambiguidade da sua aparência.

Apesar de já ter participado em várias produções fotográficas, nomeadamente para a “Vogue” Itália, em Novembro do ano passado, e já ter desfilado para Jean Paul Gaultier, a sua estreia nas passarelles de Nova Iorque só aconteceu agora, durante a prestigiada Fashion Week. O seu look é tão feminino que Andrej Pejic participou em vários desfiles de moda feminina.

“Ser escolhido para passar modelos femininos não é algo que me deixe desconfortável”, disse Pejic ao “The New York Post”. “Algumas vezes as roupas de mulher são mais divertidas e menos restritivas”.

O manequim assume estar muito satisfeito com a recepção que tem tido em Nova Iorque. “Não posso dizer que tenha sido rejeitado. É a minha primeira temporada em Nova Iorque e isto é tudo excitante. Sou relativamente novo na moda feminina e espero que as coisas continuem a acontecer”.

O agente de Pejic em Nova Iorque, Chris Forberg, da agência de modelos DNA, indicou ao “The New York Post” que é raro para um modelo estreante conseguir na sua primeira temporada em Nova Iorque entrar em tantos desfiles, um sinal claro - na sua opinião - da popularidade que Pejic está a conquistar entre os criadores e os fashionistas

De acordo com o blogue de moda frockwriter, igualmente citado pelo mesmo jornal, Pejic está já a ganhar mais ou menos o que ganham as modelos femininas que, em média, recebem entre 35 e 50 por cento mais que os homens quando desfilam na passerelle.

Mas Pejic não desfila apenas roupa feminina. O modelo também esteve agendado para um total de cinco desfiles de roupa masculina nesta Semana de Moda, tornando-se assim no primeiro modelo na história da NY Fashion Week a passar roupa para ambos os géneros.

A par com a brasileira Lea T - um modelo transsexual que apareceu numa campanha da Givenchy no Outono passado e que participou numa produção fotográfica para a “Vogue” francesa em Agosto de 2010 -, Pejic faz parte de uma nova tendência a que os fashionistas chamam de “FemiMen” (homens que parecem mulheres) e que tem seduzido o mundo da moda nos meses mais recentes.

Pejic nasceu em Tuzla, na Bósnia-Herzegovina, filho de um pai croata e de uma mãe sérvia. A sua família fugiu da guerra na década de 1990 e instalou-se na Austrália.

Os pais acabaram por se divorciar e Andrej e o seu irmão mais velho, Igor, foram educados pela mãe e pela avó num bairro difícil nos arredores de Melbourne. “A minha mãe sempre me apoio”, explicou Pejic ao “The New York Post”.

O adolescente reconhece que soube que parecia uma rapariga praticamente desde que se começou a olhar ao espelho, reconheceu recentemente Pejic ao site The Daily Beast. O modelo adianta ainda que nunca sentiu qualquer espécie de assédio nem de discriminação. “As pessoas acham engraçado. Não são moralistas”.

Foi a criadora romena Yoana Baraschi que pela primeira vez reparou em Andrej durante uma sessão de casting, tendo-o contratado para um desfile. “Quando alguém é tão carismático, nem sequer nos perguntamos porque é que o queremos”, explicou Baraschi.

Depois dos primeiros desfiles, a androginia de Pejic popularizou-se. Jean Paul Gaultier contratou-o para encerrar o seu desfile em Paris, em Janeiro último, um momento que o modelo descreve como “inesquecível” e que, até agora, classifica como ponto alto da sua carreira.

Também apareceu na recente campanha de Marc Jacobs e nos anúncios da colecção primaveril de Gaultier a par com uma das modelos do momento: Karolina Kurkova.

Pejic, que admite ser um ícone para a androginia e para a transexualidade, não tem, porém, qualquer intenção de activismo político. O seu único objectivo é ganhar dinheiro a fazer aquilo que gosta. “Isto é uma indústria e este é o meu trabalho. Não é um movimento político”, indicou.

A directora-executiva da “Harper’s Bazaar”, Kristina O’Neill, disse ao “The New York Post”: “Ele não é apenas lindo, mas também tem bom carácter e isso é muito importante neste negócio. Mais do que qualquer outra coisa, eu penso que a sua presença prova que a beleza não tem de ter um género específico”.