PJ da Guarda identificou e deteve suspeitos de escravidão de sete sem-abrigo

Foto
As vítimas eram sem-abrigo recrutados em Aveiro e Coimbra Foto: Paulo Pimenta/arquivo

Segundo uma nota do Departamento de Investigação Criminal da PJ da Guarda, na sequência de uma operação desenvolvida no concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, foram constituídos arguidos cinco suspeitos e identificadas sete vítimas daqueles crimes com idades entre os 20 e os 40 anos.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Segundo uma nota do Departamento de Investigação Criminal da PJ da Guarda, na sequência de uma operação desenvolvida no concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, foram constituídos arguidos cinco suspeitos e identificadas sete vítimas daqueles crimes com idades entre os 20 e os 40 anos.

Acrescenta que um dos arguidos foi detido “em virtude de sobre ele recaírem fortes suspeitas da prática daquele tipo de crimes”.

A operação policial, realizada em colaboração com a GNR, visou “dar cumprimento a diversos mandados de busca emitidos no âmbito de um inquérito onde se investigam crimes de escravidão e de tráfico de pessoas”.

Fonte da PJ da Guarda disse hoje à Lusa que as vítimas eram aliciadas “para trabalhar” na agricultura em Portugal e Espanha.

“Eram indivíduos que prestavam serviços na agricultura, em vários sítios, e utilizavam estes indivíduos”, indicou.

Referiu que os suspeitos “não lhes pagavam” pelos serviços prestados e que até chegavam a receber os valores do rendimento de inserção de que alguns usufruíam.

As vítimas são “sem-abrigo recrutados nas zonas de Aveiro e de Coimbra” e um espanhol, explicou a mesma fonte da PJ.

Contou que os homens eram “recrutados para emprego” em quintas agrícolas mas os suspeitos “não lhes pagavam” e mantinham-nos “em condições bastante degradantes”.

Os homens viviam “em barracas sem condições”, por sistema “eram agredidos” e “nenhum tinha documentos”, adiantou.

A fonte policial referiu ainda que as vítimas “faziam trabalhos” em propriedades agrícolas e que, em troca, os suspeitos “lhes davam tabaco e comida”.

Na sequência das diligências efectuadas pela PJ da Guarda, foram também apreendidas duas armas de fogo e “uma quantidade significativa de produto estupefaciente” e detido um dos indivíduos pela presumível prática dos crimes de posse ilegal de arma e de tráfico de estupefacientes.

Os dois detidos, de 29 e 44 anos, foram presentes ao tribunal de Figueira de Castelo Rodrigo para um primeiro interrogatório judicial, tendo ficado sujeitos à medida de coação de apresentações periódicas, segundo a fonte.