Jornalista São José Almeida ganha prémio da Rede Ex-aequo

Os Prémios Média foram instituídos pela associação em 2005, para “homenagear as figuras da comunicação social, artes e espectáculo que, através do seu trabalho, dão visibilidade a algumas das muitas dificuldades sentidas pelos jovens homossexuais, bissexuais ou transgéneros que lutam no sentido da desconstrução de estereótipos erradamente associados à orientação sexual ou identidade de género, o que permite, em linhas gerais, dar mais um passo no sentido da erradicação do preconceito e discriminação destes jovens”, pode ler-se no seu site (http://rea.pt/premiosmedia.html).

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Os Prémios Média foram instituídos pela associação em 2005, para “homenagear as figuras da comunicação social, artes e espectáculo que, através do seu trabalho, dão visibilidade a algumas das muitas dificuldades sentidas pelos jovens homossexuais, bissexuais ou transgéneros que lutam no sentido da desconstrução de estereótipos erradamente associados à orientação sexual ou identidade de género, o que permite, em linhas gerais, dar mais um passo no sentido da erradicação do preconceito e discriminação destes jovens”, pode ler-se no seu site (http://rea.pt/premiosmedia.html).

Publicado pela Sextante Editora, "Homossexuais no Estado Novo" conta "uma história que não estava contada", a de "como era ser homossexual" durante a ditadura, disse à Lusa a jornalista do PÚBLICO, explicando que ser homossexual era ser um doente mental que tinha de ser tratado ou "estudado", uma pessoa com comportamento censurável, um delator.

Até 1982, homossexuais e lésbicas eram criminosos, segundo o Código Civil, que criminalizava "actos sexuais contra a natureza".

Para escrever o livro, que ganhou forma depois de um artigo para a revista Pública (“O Estado Novo dizia que não havia homossexuais, mas perseguia-os”, também premiado), São José Almeida recolheu informação de documentos da época e testemunhos orais, que aparecem, por vezes, sob anonimato.

"São pessoas com mais de 55 anos, que se auto-estigmatizam muito, estigmatizadas pela sociedade", observou a jornalista, argumentando que, por terem "visibilidade pública na sociedade portuguesa", alguns dos homens "não querem falar" sobre a sua homossexualidade e as mulheres “têm medo".

Ao contrário dos homens, as mulheres foram, segundo a autora, "duplamente estigmatizadas" durante o Estado Novo: por serem “um ser menor" e por serem lésbicas, terem uma relação afectiva e sexual com outra mulher quando o seu dever era "darem prazer sexual ao homem e procriarem".

Por isso, o lesbianismo, além de "mais penoso e violento", foi também mais discreto. Era como se não existisse, “era um fantasma, era visto como uma amizade e ainda hoje isso perdura", comentou São José Almeida.

Hoje, apesar do reconhecimento do direito de gays e lésbicas à sua identidade sexual e afectiva, a homossexualidade é vivida de forma diferente, porque a sociedade "não é a preto e branco". "Há homossexualidades como há sexualidades", sublinhou.

O prémio será entregue a São José Almeida a 30 de Outubro, às 15h00, no Jardim de Inverno do Teatro São Luiz, em Lisboa.