Sindicatos discordam de que a rigidez laboral seja dos principais factores de perda de competitividade

“Achamos que é um relatório totalmente desfasado da realidade e ao arrepio de relatórios mais exigentes, como a OCDE, que indica que a flexibilidade laboral melhorou em Portugal com o novo Código do Trabalho”, disse em declarações à Lusa, o secretário geral da UGT, João Proença.

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“Achamos que é um relatório totalmente desfasado da realidade e ao arrepio de relatórios mais exigentes, como a OCDE, que indica que a flexibilidade laboral melhorou em Portugal com o novo Código do Trabalho”, disse em declarações à Lusa, o secretário geral da UGT, João Proença.

O sindicalista lembrou que o também conhecido como Fórum de Davos é “uma organização de carácter empresarial que representa sobretudo o grande patronato mundial e portanto a sua análise não é isenta”.

“É uma análise que respeitamos e na qual até já participámos, mas é evidente que há sempre uma análise tendente para a área patronal”, justificou.

A prová-lo está o facto de, por exemplo, o Japão, um dos países com maior rigidez laboral, surgir posicionado nesta lista com o 6.º lugar, refere.

Relativamente a Portugal, segundo João Proença, os principais factores que estão a limitar a competitividade são o grau elevado de economia informal, a falta de capacidade técnica das empresas e algumas dificuldades na administração pública, entre outros.

CGTP considera modelo de desenvolvimento “errado”

Arménio Carlos, da CGTP, sublinhou, por sua vez, que “a legislação laboral está sucessivamente a ser flexibilizada e a competitividade não melhora”.

“Nós não acompanhamos as ideias de que facilitar o despedimento sem justa causa promova a competitividade”, frisou.

Ainda assim, os números divulgados não surpreenderam o sindicalista, na medida em que a CGTP considera que o modelo de crescimento que país tem desenvolvido “assente em trabalho desqualificado, precário e muito mal remunerado” está errado e não promove a competitividade.

“Há claramente uma falta de visão estratégica e uma necessidade urgente de apostar na dinamização do sector produtivo, quebrando definitivamente com este modelo de crescimento baseado nos baixos salários e alterá-lo para um modelo de crescimento, onde o emprego estável e bem remunerado é valorizado”, concluiu.

A eficiência do mercado laboral é um dos 12 factores que integram o Índice Global de Competitividade (IGC) hoje divulgado e que fez baixar Portugal para 46.º posição, de uma lista liderada pela Suíça.

Portugal caiu 14 posições em termos de eficiência do mercado laboral, posicionando-se no 117.º lugar, com 3,85 pontos, numa lista de 139 economias analisadas pelo Fórum Económico Mundial. No último relatório (2009-2010), Portugal surgia no 103.º lugar.