Modelo dinamarquês da flexi-segurança ameaçado pelo rigor das contas públicas

O conhecido modelo do país do Norte da Europa combina a “fexibilidade” para os empregadores, que podem facilmente contratar e despedir, com a “segurança” para os trabalhadores, que beneficiam de uma protecção social generosa e formação contínua com vista à reintegração no mercado de trabalho.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O conhecido modelo do país do Norte da Europa combina a “fexibilidade” para os empregadores, que podem facilmente contratar e despedir, com a “segurança” para os trabalhadores, que beneficiam de uma protecção social generosa e formação contínua com vista à reintegração no mercado de trabalho.

“Diminuindo, a partir de 1 de Julho, a duração dos subsídios de desemprego de quatro para dois anos, o Governo de centro-direita desarticulou um dos pilares essenciais do modelo: a segurança”, denunciou Jens Jonatan Steen, director do centro de investigação Cevea.

“Ironicamente”, disse o responsável à agência noticiosa France Press, “foi o ministro das Finanças, Claus Hjorth Frederiksen, que antes exaltou este modelo, quem lhe deu um golpe sério”, no quadro do plano de austeridade para sanear as finanças públicas.

Uma opinião partilhada por Morten Thiessen, presidente da Comissão de Trabalho do Sindicato dos Engenheiros dinamarqueses, que acusa o Governo de “desmantelar o modelo dinamarquês de flexi-segurança ao amputar a palavra segurança”.

Dinamarqueses exigem maior segurança no emprego

Prevendo cortes nos subsídio de desemprego, reivindicados pelo governo e pelos economistas, dois dinamarqueses em cada três (64 por cento) exigem em contrapartida maior segurança no emprego, com notificações atempadas do fim do contrato de trabalho assim como indemnizações mais substanciais, de acordo com uma pesquisa realizada pela empresa de sondagens Interresearch.

Segundo Steen, “o modelo dinamarquês não é tão protector como se costuma dizer, limitando o subsídio de desemprego a pouco mais de dois mil euros por mês antes de impostos”.

“A rede de segurança já está cheia de buracos”, acrescenta o estudioso do Cevea, destacando a degradação da cobertura das prestações de desemprego desde 1982.

Actualmente, na Dinamarca, um desempregado é compensado em média em 42 por cento do seu salário em 2009, contra 62 por cento em 1982, e um trabalhador qualificado cerca de 58 por cento, contra os 70 por cento anteriores, segundo dados do Governo dinamarquês citado pelo Cevea.