Nobel da Economia diz que governos deveriam ter criado os seus próprios bancos

Foto
O especialista compara a situação actual com a dos Estados Unidos durante a presidência de Herbert Hoover Nuno Ferreira Santos (arquivo)

“Nos Estados Unidos entregámos à banca 700 mil milhões de dólares. Se tivéssemos investido apenas uma fracção dessa quantia na criação de um novo banco teríamos financiado todos os empréstimos necessários”, explicou Joseph Stiglitz em declarações ao jornal “Independent”. Na realidade, adiantou, teria sido possível atingir esse objectivo com muito menos.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

“Nos Estados Unidos entregámos à banca 700 mil milhões de dólares. Se tivéssemos investido apenas uma fracção dessa quantia na criação de um novo banco teríamos financiado todos os empréstimos necessários”, explicou Joseph Stiglitz em declarações ao jornal “Independent”. Na realidade, adiantou, teria sido possível atingir esse objectivo com muito menos.

Para o Nobel da Economia, o problema dos Estados Unidos é que o estímulo fiscal não foi o que era necessário. Depois dos ataques dos mercados financeiros à Grécia e a Espanha, o consenso aponta para a poupança por parte dos governos, critica Stiglitz que compara a situação actual com a dos Estados Unidos durante a presidência de Herbert Hoover.

Os governos, como o britânico, não só se negam a estimular a economia, como também se dedicam a cortar no gasto, como fez Hoover em 1929. “Hoover acreditava que quando se entra em recessão, aumenta os défices, pelo que optou por cortes e isto é precisamente o que querem agora os estúpidos mercados financeiros que nos colocaram na situação em que estamos”, disse o prémio Nobel.

Segundo Stiglitz, é o clássico erro de confundir a economia de uma família com a de uma nação. “Se uma família não pode pagar as suas dívidas é-lhe recomendado que gaste menos. Mas numa economia nacional, se se corta o gasto, a actividade económica cai, nada se inverte, aumenta o gasto com o desemprego e acabasse sem dinheiro para pagar as dívidas”, disse.

A resposta à crise, defende Stiglitz, não é reduzir o gasto público mas redefini-lo reduzindo, por exemplo, a verba que é gasta na guerra do Afeganistão e aumentando o investimento em áreas como a investigação e o desenvolvimento.