Alta Comissária para a Saúde alerta para um SNS "insustentável"

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Maria do Céu Machado alerta para a necessidade de corrigir os erros do passado Rui Gaudêncio

Maria do Céu Machado falava na conferência de abertura do Congresso Internacional das Ciências e Tecnologias da Saúde na Macaronésia, que decorre até sábado em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, com cerca de 500 participantes de Açores, Madeira, Canárias e Cabo Verde.

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Maria do Céu Machado falava na conferência de abertura do Congresso Internacional das Ciências e Tecnologias da Saúde na Macaronésia, que decorre até sábado em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, com cerca de 500 participantes de Açores, Madeira, Canárias e Cabo Verde.

A responsável reconheceu ainda que o Plano Nacional de Saúde 2004/2010 "falhou nos mecanismos de gestão e execução", que é necessário "corrigir no plano 2011/2016".

"Uma missão da Organização Mundial de Saúde [OMS] esteve em Portugal a avaliar o programa 2004/2010 tendo encontrado virtudes mas também defeitos, concretamente a falta de ligações fortes a instrumentos de governação, desigualdades na saúde e insustentabilidade do SNS", referiu.

"É preciso encontrar soluções, corrigir os erros do passado, sem esquecer que a base do plano, que está em elaboração, são o conhecimento científico e as sugestões de todos, desde o cidadão comum aos municípios, universidades e organizações civis", revelou.

Por outro lado, referiu que será preciso divulgar bem os objectivos e conteúdos do novo Plano Nacional de Saúde, porque "um inquérito feito em 2007 a técnicos de saúde sobre o plano anterior revelou que 87 por cento já o conheciam mas 83 por cento não o tinham lido".

"Para contornar esse problema vamos editar a versão completa na Internet, incluindo Twitter e Facebook, uma versão de 150 páginas para decisores, administradores e técnicos de saúde, uma versão executiva de 30 páginas e para o cidadão comum uma versão de 5 páginas e para a comunicação social uma versão de uma página".

Maria do Céu Machado acrescentou que "na Internet já são 2500 os seguidores", mas pretende que "sejam um milhão", usando todos os instrumentos necessários que "capacitem o cidadão, uma vez que há pouca literacia sobre saúde".

A comissária insistiu que para aumentar a participação de todos, em particular dos cidadãos, vão decorrer entre 15 a 24 Junho diversos fóruns regionais em todo o país.

O próximo Plano Nacional de Saúde terá, garantiu, alguma continuidade com o anterior, mas será acrescido de instrumentos de governação, parcerias estratégicas, em particular com as regiões, e inovação.

Os principais eixos estratégicos assentam na igualdade no acesso aos cuidados de saúde, a qualidade dos cuidados, a promoção da cidadania e as políticas saudáveis.

O Congresso Internacional de Ciências e Tecnologia da Saúde na Macaronésia, organizado pela Universidade dos Açores e com o apoio do Instituto Politécnico de Lisboa, reúne cerca de meio milhar de participantes, 62 prelectores de 32 instituições e mais de 150 comunicações livres.