Pais do Amaral negoceia com a Prisa posição de cerca de 30 por cento na Media Capital

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Daniel Rocha

O investidor referiu que as negociações com o grupo espanhol "são complexas e deverão demorar algumas semanas", ainda que o entendimento entre as partes seja o melhor. "Tenho as melhores relações com os meus antigos sócios e compradores, José Luís Cebrián e Manuel Polanco, e as conversações estão a decorrer num clima de grande elevação", adiantou.

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O investidor referiu que as negociações com o grupo espanhol "são complexas e deverão demorar algumas semanas", ainda que o entendimento entre as partes seja o melhor. "Tenho as melhores relações com os meus antigos sócios e compradores, José Luís Cebrián e Manuel Polanco, e as conversações estão a decorrer num clima de grande elevação", adiantou.

Questionado sobre se, no futuro, a participação financeira poderá evoluir para uma posição estratégica, com poderes de gestão, o empresário afirmou que "as negociações estão no início e o que agora está em cima da mesa é uma posição minoritária significativa".

A Prisa tem em curso uma operação com a Liberty Acquisition Holdings (presidida pelo antigo sócio de Pais do Amaral na Media Capital, Nicolas Berggruen) através da qual conseguirá um encaixe de 660 milhões de euros, que lhe permitirá renegociar as dívidas à banca. O negócio, que envolve a troca de acções entre as empresas, também prevê que futuramente a Liberty e os seus accionistas venham a liderar a estrutura de capital da Prisa, ainda que o accionista histórico, a família Polanco, mantenha 30 por cento do capital e o controlo da gestão.

Os planos da Liberty pressupõem ainda que a Prisa encaixe 1,3 mil milhões de euros com a venda de activos. Destes, 100 milhões de euros são relativos à venda de uma fatia de 30 por cento da Media Capital, segundo revela uma apresentação a investidores que a Liberty enviou à entidade reguladora do mercado de capitais norte-americano (SEC) e a que o PÚBLICO teve acesso.

Este valor aproxima-se do que esteve acordado entre o grupo espanhol e a Ongoing, que na terça-feira viu confirmada pela Autoridade da Concorrência (AdC) a oposição à compra de até 35 por cento da Media Capital, por 122 milhões de euros.

Com o grupo de Nuno Vasconcellos a falhar a venda de cerca de 23 por cento da Impresa, que era condição para que a ERC aceitasse o negócio, a AdC mais não fez que confirmar a decisão de oposição por parte do regulador da comunicação social (cujo parecer era vinculativo).

Chumbada a operação, desfez-se automaticamente o acordo entre a Ongoing e os espanhóis. E ontem a Prisa anunciou ao mercado o início das negociações com o dono do grupo editorial Leya.

Depois da notificação da Autoridade da Concorrência (...) o grupo Prisa recebeu fortes demonstrações de interesse de Miguel Pais do Amaral", revelou a empresa espanhola, num comunicado, onde também expressa "a sua satisfação pelo eventual regresso" de Pais do Amaral à Media Capital, da qual "foi o principal artífice durante anos".

O investidor, que saiu da Media Capital em 2005, é também assessor da Liberty para os media e para os negócios no mercado ibérico.