Multibanco, tv digital e telemóvel podem aumentar uso da Internet entre adultos

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A população adulta com baixo nível de educação usa pouco a Internet Fernando Veludo

A opinião é de Luís Magalhães, presidente do conselho directivo da Agência para a Sociedade do Conhecimento - UMIC, que, em entrevista à agência Lusa, sublinhou o facto de a pouca educação dos adultos ser hoje um dos maiores obstáculos no acesso às novas tecnologias em Portugal.

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A opinião é de Luís Magalhães, presidente do conselho directivo da Agência para a Sociedade do Conhecimento - UMIC, que, em entrevista à agência Lusa, sublinhou o facto de a pouca educação dos adultos ser hoje um dos maiores obstáculos no acesso às novas tecnologias em Portugal.

“A grande limitação de acesso em Portugal às novas tecnologias continua a ser a grande quantidade de adultos em Portugal que não têm educação secundária”, disse em La Granja, Espanha, onde hoje decorre o 5.º Fórum UE - América Latina sobre Sociedade de Informação. “Mais de 70 por cento da população adulta não tem educação secundária. Deste grupo, a maioria tem dificuldades de acesso a estas tecnologias. Desses 70 por cento, apenas 30 por cento usam as tecnologias”,.

Apesar das dificuldades naturais no combate ao problema, Magalhães refere que, além de educação – “e não é necessário frequentar todo o sistema formal, dada a facilidade de uso e os instrumentos tecnológicos mais amigáveis” –, a solução pode passar por algumas das tecnologias mais usadas.

É o caso do telemóvel, da televisão digital ou da própria rede de multibancos, particularmente densa em Portugal, com um nível de utilização bastante elevado entre todos os sectores da população e onde todos “navegam sem problemas”.

“Estes adultos não usam a Internet por dificuldades de manusear o computador, ou de encontrar na Internet o que lhes interessa. Mas todos eles são utilizadores intensivos de telemóveis, multibanco e televisão”.

“A conjugação destes meios e a utilização de aplicações que capitalizam na experiência do utilizador com telemóveis, multibanco, ecrãs programáveis simples, vão certamente facilitar”, argumentou o presidente da UMIC.

O cenário da população adulta com baixo grau de educação contrasta com os níveis de utilização da Internet registados entre os portugueses com formação secundária e superior, que estão acima da média europeia e mais próximos dos países Escandinavos, sublinhou Magalhães.

Os dados mais recentes da UMIC apontam que, em 2008, 91 por cento dos portugueses com ensino superior e 87 por cento dos que tinham o ensino secundário acediam à Internet. Este indicador baixa drasticamente para os 26 por cento no caso dos indivíduos que têm apenas o 3.º ciclo de escolaridade.

Portugal é o quinto país da União Europeia com maior taxa de penetração da Internet entre a população com ensino secundário (atrás dos Países Baixos, Luxemburgo, França e Suécia). No caso da população com ensino superior, Portugal surge em décimo lugar (à frente estão os Países Baixos, Luxemburgo, Suécia, Dinamarca, Reino Unido, Áustria, Finlândia e Malta).

Já no que diz respeito à utilização por parte de pessoas apenas com o terceiro ciclo de escolaridade, Portugal fica na segunda metade da tabela europeia, em 19.º lugar.

“Herdámos do regime anterior um peso muito grande de adultos sem educação secundária, para quem o acesso a estas tecnologias é muito difícil”, nota o presidente da UMIC.