Mais de metade das receitas dos médicos são de fármacos de marca em vez de genéricos

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O presidente do Infarmed diz que os médicos podiam receitar mais genéricos Paula Abreu (arquivo)

Isto não quer dizer que os médicos não têm colaborado no crescimento da quota de mercado de genéricos em Portugal - que, em embalagens, passou de 0,5 por cento, em 2000, para 14,3 por cento em Fevereiro deste ano. "Não há dúvida que a quota de genéricos cresceu graças aos médicos. Agora, eles podem prescrever muito mais", defende Vasco Maria, sublinhando que o Infarmed garante a qualidade, eficácia e segurança destes medicamentos. Os grupos homogéneos (em que existem genéricos) representam actualmente 43 por cento do mercado total. Um genérico tem o mesmo princípio activo que o medicamento original.

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Isto não quer dizer que os médicos não têm colaborado no crescimento da quota de mercado de genéricos em Portugal - que, em embalagens, passou de 0,5 por cento, em 2000, para 14,3 por cento em Fevereiro deste ano. "Não há dúvida que a quota de genéricos cresceu graças aos médicos. Agora, eles podem prescrever muito mais", defende Vasco Maria, sublinhando que o Infarmed garante a qualidade, eficácia e segurança destes medicamentos. Os grupos homogéneos (em que existem genéricos) representam actualmente 43 por cento do mercado total. Um genérico tem o mesmo princípio activo que o medicamento original.

Os dados surgem numa altura em que prossegue a guerra aberta pela Associação Nacional de Farmácias (ANF), que convidou as suas associadas a substituir medicamentos de marca por genéricos, mesmo quando os médicos não o autorizam, para alegadamente dar resposta à crise. A Ordem dos Médicos (OM) retorque que há aqui interesses económicos escondidos porque a ANF se prepara para lançar no mercado uma marca de genéricos, a Almus, um assunto que a Autoridade da Concorrência já está a investigar. Ontem, a ministra da Saúde considerou que a crise económica não justifica a atitude da ANF e avisou que a tutela acompanha o processo e "poderá intervir".

Mas por que razão é que os médicos fazem tanto finca-pé na proibição da substituição das receitas? Porque, explica o bastonário da OM, Pedro Nunes, são enormes os riscos desta troca: "Perde-se a farmacovigilância (não percebemos o que o doente tomou, se teve problemas); e, como os doentes vêem medicamentos de cores diferentes, corre-se o risco de que tomem doses em excesso"; já houve casos de morte por este motivo, afiança.

E por que motivo não receitam mais genéricos? Pedro Nunes explica que os médicos tendem a receitar "os medicamentos que conhecem, e dos laboratórios que lhes dão determinadas garantias". "A molécula pode ser a mesma, mas os medicamentos são diferentes uns dos outros". Por exemplo, os excipientes divergem, o que pode fazer com que a resposta a cada momento não seja igual, acrescenta. Mas admite que a quota de mercado de genéricos pode crescer mais.