Franquelim Alves: contas de 2007 da SLN foram aprovadas para se evitar "crise imediata no grupo"

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"Discutimos muito as contas de 2007 [no conselho de administração da SLN]. Não aprovar as contas de 2007 iria provocar uma situação grave do ponto de vista do grupo, que já estava numa situação complexa", disse hoje o ex-administrador Franquelim Alves, perante a comissão de inquérito ao BPN, a sua nacionalização e a supervisão bancária.

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"Discutimos muito as contas de 2007 [no conselho de administração da SLN]. Não aprovar as contas de 2007 iria provocar uma situação grave do ponto de vista do grupo, que já estava numa situação complexa", disse hoje o ex-administrador Franquelim Alves, perante a comissão de inquérito ao BPN, a sua nacionalização e a supervisão bancária.

A SLN deteve o banco BPN até ao momento da sua nacionalização, em Novembro do ano passado.

Franquelim Alves, que entrou para a SLN no início do ano passado, contou aos deputados que a discussão das contas de 2007 teve lugar por volta de Maio de 2008, em reuniões do conselho de administração da "holding".

Nessa altura, disse o ex-secretário de Estado adjunto da Economia, já havia a percepção do que se passava no Banco Insular de Cabo Verde (e das imparidades dessa instituição, dentro e fora de balanço) e também "havia uma expectativa de que os accionistas [da SLN] fizessem um aumento de capital".

"A não aprovação [das contas] significaria uma crise imediata do grupo, afectando milhares de depositantes e seis mil trabalhadores. Por isso, aprovou-se as contas, colocando nas notas finais do relatório que estavam investigações em curso que poderiam afectar as próprias contas", admitiu Franquelim Alves.

"Não aprovar seria um colapso completo da própria situação", confessou o ex-administrador para a área não-financeira.

Franquelim Alves admitiu que a situação no Banco Insular "vai além de todos os limites" e afirmou ter tomado consciência "de forma exaustiva" em Maio último.

"Disseram-me: ´temos um banco em Cabo Verde que não é nosso mas que tem problemas. Tem uma dimensão não registada que atinge proporções inimagináveis`", relatou o antigo administrador.

"Apenas tive uma noção disso de forma exaustiva em Maio, com listagens dos mutuários dentro e fora de balanço".

Ainda assim, questionado sobre o porquê de não ter imediatamente avisado o Banco de Portugal para essa situação, Franquelim Alves disse que primeiro a SLN teria de apurar tudo o que estava em causa.