CAP não acredita que a suspensão de calibragem baixe preços da fruta e legumes

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A CAP lembrou que a medida vai permitir a entrada de produtos de outros países que não estão normalizados PUBLICO (arquivo)

Segundo Luís Mira, é sabido que o preço do leite, da carne e dos cereais "também tem descido há uns quatro ou cinco meses e os preços no consumidor não têm baixado".

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Segundo Luís Mira, é sabido que o preço do leite, da carne e dos cereais "também tem descido há uns quatro ou cinco meses e os preços no consumidor não têm baixado".

"Isto é um bocadinho pior do que o que se passa na gasolina", disse, numa reacção a uma notícia publicada hoje pelo "Jornal de Notícias" que refere que "cenouras, beringelas e pepinos (...) vão poder voltar a ser vendidos a preços mais baixos (até 40 por cento), caso avance a proposta da Comissão Europeia, que permite ainda a redução do desperdício em 20 por cento".

Isto porque, acrescenta o matutino, a Comissão Europeia (CE) se prepara para pôr fim a "uma das regras mais polémicas da legislação comunitária, em nome da redução da burocracia, e deixa de exigir a calibragem da maior parte das frutas e legumes".

Para tal é contudo necessário que os Estados-membros votem hoje favoravelmente a proposta.

Segundo Luís Mira, se esta medida da CE avançar "vai prejudicar os consumidores porque vai permitir a entrada de produtos de outros países que não da Comissão Europeia que não estão normalizados".

A abolição da calibragem vai ainda dificultar a vida aos produtores e consumidores porque estes deixam de ter "pontos de referência que permitam comparar preços", referiu. "Até aqui cada calibragem, cada tamanho, tinha um preço, uma referência. Se se acabar com essa regulamentação é mais difícil comparar preços", frisou.

Luís Mira sublinhou que "aquilo que se está a tentar noticiar é que vai ser muito bom para o consumidor, que vai pagar menos 40 por cento, e depois a prática vai dizer o contrário".

Para o secretário-geral da CAP, a abolição da calibragem da fruta e legumes pela Comissão Europeia vai ainda conduzir "à proliferação e imposição de normas privadas pelas cadeias de distribuição com aumento de custos, porque depois uma determinada cadeia privada de distribuição diz que só compra isto com determinada condição", concluiu.