Investigadores convertem células vivas em células produtoras de insulina

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A descoberta pode ajudar as pessoas com diabetes e "abre as portas" para a manipulação de outro tipo de células humanas, como as do fígado ou da pele. Daniel Rocha/Público (arquivo)

Para este efeito, os investigadores utilizaram três genes de um vírus comum para transformar células exócrinas, que cobrem cerca de 95 por cento do pâncreas, em células beta, em menor número e cuja função é produzir insulina.

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Para este efeito, os investigadores utilizaram três genes de um vírus comum para transformar células exócrinas, que cobrem cerca de 95 por cento do pâncreas, em células beta, em menor número e cuja função é produzir insulina.

As células beta são as primeiras a serem destruídas nos diabéticos de Tipo 1 ou diabetes juvenil.

Na diabetes Tipo 1, o sistema imunitário, através de um processo auto-imune, destrói as células beta do pâncreas que, assim, deixam de produzir insulina.

Com esta técnica, os investigadores conseguiram modificar células vivas, sem necessidade de utilizar células-mãe as quais, até à data, têm sido indispensáveis na técnica de regeneração de tecidos.

Descoberta útil para outros campos da ciência

O responsável pelo estudo, Douglas Melton, referiu que esta descoberta "abre as portas" para a manipulação de outro tipo de células humanas, como as do fígado ou da pele.

A grande dificuldade da investigação foi identificar os genes que fazem as células beta produzir insulina, já que, ainda que cada célula contenha o código genético completo, apenas certos genes trabalham para a produção de insulina.

Dos mais de mil genes estudados, os investigadores acabaram por concluir que apenas necessitavam de três: Ngn3, Pdx1 e AFP, os quais introduziram no organismo através de um vírus de resfriado para que chegasse ao suco gástrico, no qual se encontram as células exócrinas.

Uma vez dentro do organismo, os investigadores descobriram que cerca de 20 por cento das células exócrinas se convertiam em células beta capazes de produzir insulina, reduzindo o nível de açúcar no sangue.

A equipa acredita que este método possa ser mais eficaz nos diabéticos de Tipo 2, cujo organismo não é mesmo capaz de produzir insulina.

No caso da diabetes Tipo 1 ainda é necesario descobrir a forma de evitar que o organismo "ataque" as células beta, já que qualquer célula transformada é destruída pelo sistema imunitário.