Linha do Tua: Rádio do comboio só tinha autonomia para funcionar uma hora

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Só há rede de telemóvel nos primeiros 25 quilómetros da linha do Tua Nélson Garrido

“Eu não disse que há um único telemóvel a bordo”, insurge-se o presidente da Metro de Mirandela, José Silvano, numa alusão a uma notícia da agência Lusa. “Eu disse que a bateria [do rádio] dura uma hora, não há um mecanismo para a carregar durante a viagem.”

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“Eu não disse que há um único telemóvel a bordo”, insurge-se o presidente da Metro de Mirandela, José Silvano, numa alusão a uma notícia da agência Lusa. “Eu disse que a bateria [do rádio] dura uma hora, não há um mecanismo para a carregar durante a viagem.”

As viagens entre o Tua e Mirandela duram de uma hora e quinze a uma hora e vinte. Quer isto dizer que há sempre 15 a 20 minutos de viagem sem rádio a funcionar. O também presidente da Câmara de Mirandela não considera, porém, que isso seja grave.

“A linha tem uma estrutura de banda larga que regista a passagem nas estações”, explica. Há uma estação “a cada quatro a cinco quilómetros”. Ao passar em cada uma, o maquinista acciona um dispositivo que dá indicação à central. A informação passa de umas estações para outras para que se prevejam atrasos ou até acidentes como o que na sexta-feira fez um morto e cinco feridos graves (dois ainda internados).

Os telemóveis não funcionavam no local do acidente, a um quilómetro da estação de Brunheda. “A linha tem 65 quilómetros e só há rede nos primeiros 25”, sublinha. “É um grande problema; havendo um acidente, é preciso procurar um sítio mais elevado”, comenta. Abundam falhas de rede em todo o interior.

A linha (da Refer) reabriu em Janeiro, depois de meses de suspensão – a 12 de Fevereiro do ano anterior, um desabamento de terras causou a queda de uma carruagem e morreram três pessoas. É o terceiro acidente desde a reabertura - houve um em Abril (três feridos) e um em Junho.

A CP, a quem a Metro de Mirandela assegura a linha do Tua, não presta declarações. Foi já aberto um inquérito aberto para apurar as causas do acidente. “Uns falam em desgaste dos carris, outros em explosão, tudo o que se disser agora é especulação”, avalia José Silvano. E “o que faz essa especulação é não se conhecer as causas dos dois últimos acidentes”. Os resultados dos inquéritos nunca foram divulgados.