Doping: ciclista espanhol que o Benfica demitiu teve análise adversa

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O Benfica afirma que não recebeu uma notificação do controlo não negativo de Pecharromán Pedro Cunha/PÚBLICO (arq.)

“No medicamento não está nada que indique que está catalogado como substância proibida, nem os médicos me disseram isso”, afirmou ontem o ciclista, citado pela agência EFE, vincando que o fármaco lhe foi receitado por um dermatologista, em Setembro do ano passado, e que não teve problemas em outros controlos a que foi submetido.

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“No medicamento não está nada que indique que está catalogado como substância proibida, nem os médicos me disseram isso”, afirmou ontem o ciclista, citado pela agência EFE, vincando que o fármaco lhe foi receitado por um dermatologista, em Setembro do ano passado, e que não teve problemas em outros controlos a que foi submetido.

“Fica claro que sou totalmente inocente, porque tomava esse medicamento antes de assinar pelo Benfica. Não tive problemas, tenho um certificado médico a provar que o produto é para fins terapêuticos e que não mascara nada. Aliás, ainda falta a contra-análise”, lembrou Pecharromán, assegurando que, se a amostra B também for positiva, seguirá os trâmites legais para provar a sua inocência.

“A própria Agência Mundial Antidopagem [AMA] reconhece a sua inutilidade como mascarante, pois permiti-lo-á a partir de 1 de Janeiro”, afirmou o ciclista. Informação incorrecta, pois a finasterida está incluída na lista proibida do próximo ano. A AMA apenas reduziu a sua importância, classificando-a como substância específica, “particularmente susceptível de dar origem a infracções não intencionais”, por ser ingrediente de vários medicamentos, e que é “menos susceptível de ser utilizada com sucesso como agente dopante”, indica a versão portuguesa da listagem para 2008, já ratificada pelo Conselho Nacional Antidopagem.

Segundo este documento, pode haver reduções de sanções em testes positivos, mas o atleta tem de “provar que o uso de uma dessas substâncias específicas não se destinava a melhorar o seu rendimento desportivo”. É precisamente na desqualificação da finasterida e no facto de ser a primeira análise adversa de Pecharromán que reside a aposta do advogado do ciclista: José Rodriguéz disse ao diário desportivo “Marca” que espera que o seu cliente seja apenas advertido e que só “no pior dos casos” é que o uso de finasterida dará uma suspensão de um ano.

À EFE, Pecharromán disse que o director desportivo do Benfica, Orlando Rodrigues, acredita na sua versão da história e mostra-se esperançado em reverter o despedimento da equipa portuguesa, mas a Lagos Bike, empresa que gere o ciclismo dos “encarnados”, está irredutível. “Deus queira que ele prove a sua inocência. Não temos nada contra ele. Até gostamos do miúdo, porque é uma jóia de pessoa, mas nós temos uma política, um código que todos assumimos. A administração, liderada por João Lagos, traçou uma linha, que seguimos escrupulosamente”, vincou Justino Curto, director executivo.

Este responsável disse ainda ao PÚBLICO que a equipa não recebeu qualquer notificação, “nem oficial nem informal”, sobre o teste de Pecharromán: “Falei inclusive com o presidente da federação, Artur Lopes, que não tem conhecimento de nada. Não recebi nada, nem da Federação Espanhola de Ciclismo, nem da UCI [União Ciclista Internacional].” A notificação da UCI foi entregue à federação espanhola, segundo confirmou o próprio presidente do organismo, Fulgencio Sánchez, ao diário desportivo “A Bola”.