Muitos lares não diagnosticam demências que afectam idosos

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A maioria dos problemas da terceira idade exige uma intervenção clínica alargada Paulo Pimenta/PÚBLICO (arquivo)

Pedro Carvalho, psiquiatra do Hospital de Magalhães Lemos, no Porto, alertou ontem - no Encontro Europeu de Gerontopsiquiatria, que reúne em Lisboa 450 especialistas nacionais e estrangeiros - para a ausência de diagnóstico e apoio psiquiátrico em muitos lares. "Há muito poucos psiquiatras com competências para a Psicogeriatria. São cerca de duas dezenas a trabalhar com idosos em todo o território nacional", afirmou o especialista.

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Pedro Carvalho, psiquiatra do Hospital de Magalhães Lemos, no Porto, alertou ontem - no Encontro Europeu de Gerontopsiquiatria, que reúne em Lisboa 450 especialistas nacionais e estrangeiros - para a ausência de diagnóstico e apoio psiquiátrico em muitos lares. "Há muito poucos psiquiatras com competências para a Psicogeriatria. São cerca de duas dezenas a trabalhar com idosos em todo o território nacional", afirmou o especialista.

O psiquiatra, que dá apoio a oito lares no Norte do país, diz que nem todas as instituições têm necessidade de um psiquiatra a tempo inteiro, mas defende a necessidade de outras soluções, que podem passar por protocolos com especialistas que assegurem o atendimento e o diagnóstico.

As pessoas com demência enfrentam outros problemas. "Há muitos lares que recusam a admissão de idosos com quadros de demência, já que estas doenças são de progressão lenta e muito exigentes ao nível de pessoal", alerta. "É preciso arranjar-lhes respostas sociais adequadas."

Às demências junta-se a depressão, o problema psiquiátrico mais comum na população envelhecida. "Há muitos idosos deprimidos. Até a ida para o lar pode gerar um quadro depressivo. Estas pessoas precisam de ser diagnosticadas e tratadas", defendeu Pedro Carvalho.

Certo é que a maioria dos problemas da terceira idade exige uma intervenção clínica alargada - quer hospitalar quer ao nível dos centros de saúde -, envolvendo outras respostas, que passam pela reabilitação e por uma intervenção social. Para mais quando se sabe que, em 2050, Portugal será o país da UE com um maior peso de população idosa: 32 por cento da população terá 65 ou mais anos.

"Nesta área, a intervenção não pode ser apenas uma consulta isolada num hospital", defende o presidente da Associação Portuguesa de Gerontopsiquiatria (APG), Horácio Firmino, o organizador do encontro, que amanhã termina em Lisboa. "Não se pode pensar numa política para o idoso sem envolver os profissionais de saúde, sobretudo ao nível dos cuidados primários, a família, as instituições de solidariedade social e a comunidade".

A Associação irá lançar hoje o livro Gerontopsiquiatria, o primeiro em Portugal dedicado aos problemas psiquiátricos do idoso e realizado com contributos de psiquiatras de todo o país. O livro fala dos problemas mais comuns à população envelhecida, que vão das perturbações do sono ao suicídio, sobretudo associado à depressão, aos problemas de alcoolismo e a doenças incapacitantes.

Mas alerta também para a forma de controlar o envelhecimento através uma atitude positiva e preventiva, como cultivar a independência, fazer exercício físico regular e uma boa alimentação.