Portugal tem a pior higiene oral da Europa

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O bastonário defende que as crianças devem apreender a cuidar da dentição e cumprir as regras de saúde oral David Clifford/PÚBLICO

Segundo Orlando Monteiro da Silva, alguns estudos têm revelado dados preocupantes sobre Portugal que o colocam na cauda dos 25 países da União Europeia. Esses estudos revelam que "65 por cento das pessoas com mais de 60 anos não tem um único dente na boca", indicou o espacialista.

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Segundo Orlando Monteiro da Silva, alguns estudos têm revelado dados preocupantes sobre Portugal que o colocam na cauda dos 25 países da União Europeia. Esses estudos revelam que "65 por cento das pessoas com mais de 60 anos não tem um único dente na boca", indicou o espacialista.

"Perto de cem por cento das crianças em idade chave de avaliação - 5/6 anos e 9/10 anos - têm pelo menos um dente com cárie e algumas dessas crianças já têm 70 por cento dos dentes cariados, arrancados ou obturados", adiantou.

Se as crianças forem instruídas desde cedo, ganham o hábito de cuidar da dentição e nunca vão deixar de cumprir regras de saúde oral e higiene dentária, explicou Orlando Monteiro da Silva, para quem o grande problema reside na falta de educação dos mais novos, tanto por parte dos pais como do Estado.

Na opinião do médico, os pais não incutem esses hábitos nas crianças porque também não os têm. "Os adultos mesmo quando vão aos dentistas e são devidamente instruídos só seguem os conselhos nos primeiros dias, mas como não há background deixam de cumprir as regras estabelecidas", frisou.

Orlando Monteiro da Silva responsabiliza ainda o Estado pela falta de educação da população, e principalmente das crianças, ao não promover políticas de saúde oral em escolas, lares ou centros de dia.

Afirmando que conhece no terreno estas carências, o batonário disse que nos lares de terceira idade "não há quem saiba como se higieniza uma prótese" e em centros com crianças deficientes profundas acamadas "há um desconhecimento total de que nesses casos deve ser colocado um antibiótico específico na boca para a higienizar".

O apoio do Estado deveria passar também pelo investimento no Serviço Nacional de Saúde, defendeu, considerando "inadmissível" que hospitais e centros de saúde não tenham dentistas.

"O Ministério da Saúde trata as pessoas como se não tivessem boca", lamentou, acrescentando que "grande parte dos portugueses não tem acesso aos dentistas - que só exercem em clínicas privadas - por falta de meios económicos e de informação".

Para Orlando Monteiro da Silva, este não investimento do Estado é um "erro tremendo" em termos de saúde pública.