Dez países africanos iniciam renegociação do Tratado de Bacia do Nilo

Na origem desta renegociação estão as crescentes tensões entre os países sobre a utilização do rio.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Na origem desta renegociação estão as crescentes tensões entre os países sobre a utilização do rio.

O tratado actualmente em vigor foi assinado em 1929 pelo Egipto e Reino Unido, em proveito das suas colónias, e proíbe a nove países que utilizem o rio na medida em que isso iria reduzir o volume de água que chega ao Egipto.

Quando o tratado foi assinado, o Egipto era a principal fonte de algodão para o Reino Unido, uma cultura que depende da irrigação com águas do Nilo, o maior rio do planeta.

"Estes peritos vão aconselhar os ministros [dos respectivos países] sobre a utilização equilibrada das águas do Nilo", disse Meraji Msuya, coordenador da Iniciativa Bacia do Nilo, com sede em Entebbe, Uganda. "Deveremos chegar a novas recomendações, um novo enquadramento legal".

Os dez países situados na bacia do Nilo - Burundi, Congo, Egipto, Eritreia, Etiópia, Quénia, Ruanda, Sudão, Tanzânia e Uganda - rodeiam o curso de água com 6700 quilómetros e beneficiam dos seus afluentes e lagos.

Peritos têm alertado que África pode enfrentar guerras de água no futuro se os rios do continente não forem partilhados de forma equilibrada.

A bacia do Nilo leva água a cerca de 300 milhões de pessoas e é uma fonte vital para irrigação, pesca e energia.