"Doping": Ferdinand perde recurso e continua fora do Euro 2004

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Ferdinand só ainda cumpriu dois dos oito meses de suspensão Sean Dempsey/EPA

O caso Ferdinand iniciou-se em Setembro do ano passado, mas só a 19 de Dezembro uma comissão disciplinar da FA anunciou a suspensão de oito meses, apesar das críticas de Joseph Blatter, presidente da Federação Internacional de Futebol (FIFA). Mesmo assim, a aplicação da pena sofreu mais atrasos (foi adiada para 20 de Janeiro, um dia depois de Ferdinand ter requerido recurso), porque a FA atrasou-se a entregar ao Manchester United a argumentação por escrito dos motivos da penalização.

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O caso Ferdinand iniciou-se em Setembro do ano passado, mas só a 19 de Dezembro uma comissão disciplinar da FA anunciou a suspensão de oito meses, apesar das críticas de Joseph Blatter, presidente da Federação Internacional de Futebol (FIFA). Mesmo assim, a aplicação da pena sofreu mais atrasos (foi adiada para 20 de Janeiro, um dia depois de Ferdinand ter requerido recurso), porque a FA atrasou-se a entregar ao Manchester United a argumentação por escrito dos motivos da penalização.

Na sequência do apelo, Ferdinand foi hoje ouvido, num hotel junto ao aeroporto londrino de Heathrow, por um comité constituído por três pessoas com bases jurídicas e independência relativamente à FA. Segundo a imprensa inglesa, os advogados do jogador prepararam a defesa com base em testes aos folículos capilares (bolsas tubulares na epiderme onde se localizam as raízes dos fios capilares), que actualmente são usados para detectar consumo de drogas, de modo a demonstrar que Ferdinand nunca consumiu dopantes, inclusive no dia 23 de Setembro do ano passado, quando, a seguir a um treino da equipa do Manchester, faltou ao controlo antidopagem surpresa.

No entanto, esperava-se que esta estratégia não resultasse, pois os testes aos folículos capilares não são reconhecidos pelos cientistas que trabalham na área da dopagem, já que esta técnica não consegue descobrir vestígios de todos os dopantes, inclusive alguns esteróides anabolisantes, as substâncias ilícitas mais consumidas no desporto.

As provas apresentadas pelos advogados de Ferdinand resultaram em parte: não levaram à diminuição da penalização, mas impediram que esta fosse estendida para doze meses, como fora exigido pela FA – segundo os regulamentos, a infracção que o defesa mais caro do mundo cometeu é entendida com a mesma gravidade como um controlo "antidoping" positivo. “Nas conclusões, o comité de apelo relegou a possibilidade de as razões para Rio Ferdinand faltar ao controlo estarem relacionadas com droga”, informou o painel de recurso em comunicado.

E é provável que esta etapa seja queimada também pela Agência Mundial Antidopagem, segundo afirmou à Sky Sports Brian Mikkelsen, membro do comité executivo do organismo e ministro dos Desportos da Dinamarca, após o anúncio da suspensão: "Apesar de ser um jogador extraordinário, Ferdinand deve cumprir dois anos de suspensão. Há um código mundial e as regras devem ser aplicadas da mesma forma a todos os atletas. Neste caso mostraremos que não toleramos o ‘doping’ em desporto algum".