Nobel da Paz atribuído a Shirin Ebadi

Foto
A iraniana chegou ao cargo de juíza antes da Revolução Islâmica DR

Em declarações à estação de televisão pública norueguesa NRK, Ebadi afirmou que está "muito contente e orgulhosa". Em Paris, a iraniana reconheceu que o Nobel da Paz é também "muito bom para os direitos humanos no Irão, bom para a democracia no Irão e especialmente para os direitos da criança no Irão".

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Em declarações à estação de televisão pública norueguesa NRK, Ebadi afirmou que está "muito contente e orgulhosa". Em Paris, a iraniana reconheceu que o Nobel da Paz é também "muito bom para os direitos humanos no Irão, bom para a democracia no Irão e especialmente para os direitos da criança no Irão".

A Comissão Nobel anunciou às 10h00 de Lisboa, em Oslo, que o prémio foi atribuído à professora universitária iraniana, mas o seu nome já tinha sido apresentado esta manhã como um forte candidato, pois a sua família fora hoje contactada telefonicamente pela comissão.

A iraniana chegou ao cargo de juíza antes da Revolução Islâmica de 1979 e destaca-se actualmente pelo ensino do Direito na Universidade de Teerão, depois de a revolução a ter afastado da magistratura.

O prémio atribuído a Ebadi constitui também uma difícil marca para o Governo iraniano, que vê a sua política xiita posta em xeque pela distinção à defensora dos direitos humanos, cuja condição de muçulmana é destacada pelo Comité Nobel como um exemplo de coexistência entre a religião islâmica e os direitos humanos.

"Ela não vê contradição entre o Islão e os direitos humanos fundamentais", elogiou o líder da comissão, Ole Danbold Mjoes.

Ebadi, que já tinha sido distinguida com o prémio Rafto, em 2001, também relativo à defesa dos direitos humanos, dissera este ano que no Irão "ainda existe uma luta contínua pela democracia e pelos direitos humanos" e que "o povo iraniano quer reformar o seu sistema político e legal", pelo que continua a protestar "contra as poucas pessoas que detêm o poder".

Shirin Ebadi é a décima primeira mulher a receber o galardão desde que este foi instituído, em 1901. O prémio consiste na distinção internacional, mas também na atribuição de dez milhões de coroas suecas (cerca de 1,4 milhões de euros).

Ebadi foi distinguida de entre um lote de 165 candidatos, entre os quais figuravam o Papa João Paulo II e o antigo Presidente checo Vaclav Havel. Analistas citados pela Reuters afirmam que a comissão terá escolhido a magistrada iraniana em função de uma aposta na mudança, ao invés do reconhecimento do trabalho de uma vida, como seria o caso da atribuição ao Papa, que era por muitos tido como o vencedor mais provável.