Acidentes no topo das causas de mortalidade infantil

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Os acidentes de viação, afogamentos e incêndios são as causas mais comuns de mortalidade e incapacidade infantil em Portugal Fernando Veludo/PÚBLICO

As mortes por traumatismos, lesões e ferimentos acidentais representam 40 por cento do total na faixa etária entre os um e os 14 anos de idade, de acordo com a associação.

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As mortes por traumatismos, lesões e ferimentos acidentais representam 40 por cento do total na faixa etária entre os um e os 14 anos de idade, de acordo com a associação.

A APSI salienta também que por cada criança que morre, calcula-se que cinco fiquem com incapacidades definitivas, necessitando de cuidados médicos permanentes.

Os acidentes constituem a maior causa de morte, doença, incapacidades temporárias e definitivas na população juvenil e infantil, o que, aliado ao sofrimento da vítima e da família, bem como aos enormes custos que representam para o país, os torna "um gravíssimo problema de saúde pública", refere igualmente a APSI.

A cada ano que passa, morrem 600 crianças, perto de três ficam com incapacidades permanentes, mais de 350 mil sofrem acidentes domésticos e de lazer, 120 mil são internadas e perdem-se anualmente na população infantil e juvenil 35 mil anos de vida potenciais, frisa a APSI.

"Apesar de os acidentes serem o maior problema de saúde pública nas crianças, há muito poucos cursos com a componente de segurança infantil. Mesmo os mestrados na área de saúde pública dedicam pouquíssimas horas a esta matéria", lamentou a secretária-geral da APSI, Sandra Nascimento.

"Esta ausência de formação dos profissionais verifica-se a vários níveis e vai desde os engenheiros e arquitectos que projectam edifícios aos técnicos que com elas lidam directamente", acrescentou a mesma responsável.

A falta de formação em matéria de segurança infantil dos profissionais que lidam com crianças é um dos maiores problemas com que esta associação — que promove a segurança infantil há dez anos — se depara.

"Há uma lacuna muito grande ao nível da formação de base dos profissionais que lidam com crianças, mesmo nas universidades. Daí a nossa aposta na formação, como uma forma de prevenir, sensibilizar e informar as pessoas sobre os acidentes com crianças e as suas causas", frisou Sandra Nascimento.

Cursos de segurança infantil

Para proporcionar uma oferta mais continuada de formação e responder às várias solicitações provenientes de vários pontos do país, a APSI vai desenvolver no primeiro semestre de 2003 cursos de segurança infantil não só em Lisboa, onde esta associação tem sede, mas também noutras localidades do Norte e Centro do país.

A primeira acção da APSI será o seminário "Segurança Infantil - Um problema nacional com resolução local", que terá lugar de amanhã a uma semana, no Porto.

"Este é um problema nacional, mas é o poder local que tem mais meios para o resolver", disse Sandra Nascimento, afirmando a necessidade de desenvolver parcerias interdisciplinares para promover localmente um plano estratégico de prevenção e controlo de acidentes e das suas consequências nas crianças.

Os objectivos deste seminário passam pela sensibilização dos diversos sectores intervenientes para a participação de todos na prevenção, a tomada de consciência da importância do trabalho em equipa, a identificação de recursos locais e o estabelecimento de parcerias a nível local, entre outros.

O seminário vai realizar-se igualmente em Coimbra, a 15 de Abril, e em Lisboa, a 9 de Maio.

A APSI vai também efectuar cursos de especialização para motoristas de transportes colectivos de crianças, de 14 a 17 de Abril, na Maia (Porto), e de 21 a 24 de Abril, no Kartódromo Internacional de Palmela (Lisboa).

Ainda segundo Sandra Nascimento, "a legislação que regula o transporte de crianças é insuficiente e, por isso, a APSI aposta na formação daqueles que diariamente são os seus responsáveis directos pela segurança dos passageiros mais jovens".

A APSI vai ainda promover a 3 e 4 de Abril em Lisboa, a 5 e 6 de Maio em Coimbra e a 21 e 22 do mesmo mês no Porto acções de formação inicial em segurança infantil destinadas a profissionais ligados à educação pré-escolar ou ao apoio social a crianças que frequentem creches, jardins de infância e amas, entre outros.