Susana Vasconcelos condenada a seis meses com pena suspensa

Foto
PUBLICO.PT

Susana Vasconcelos tem 23 anos e foi protagonista de um caso que chocou não só Portugal mas também a Suíça. Detida na madrugada de 8 de Maio de 2001, perto da estação ferroviária de Genebra, para cumprir uma pena de 45 dias por furto em lojas, a jovem portuguesa deixou em casa, sozinha, a filha, de 16 meses, não revelando o facto à polícia porque temia perder a guarda da criança.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Susana Vasconcelos tem 23 anos e foi protagonista de um caso que chocou não só Portugal mas também a Suíça. Detida na madrugada de 8 de Maio de 2001, perto da estação ferroviária de Genebra, para cumprir uma pena de 45 dias por furto em lojas, a jovem portuguesa deixou em casa, sozinha, a filha, de 16 meses, não revelando o facto à polícia porque temia perder a guarda da criança.

A 1 de Junho, um dia depois de Susana Vasconcelos ter acedido dizer à polícia onde se encontrava a criança, Sílvia foi encontrada morta à sede e à fome em casa.

O Tribunal de Polícia de Genebra concluiu hoje que Susana Vasconcelos é culpada de homicídio por negligência e condenou-a a cumprir seis meses de pena suspensa, decisão da qual o advogado da portuguesa já admitiu que vai recorrer. Segundo a SIC Notícias, o tribunal reconheceu terem existido durante o período de detenção da mãe e isolamento da criança “omissões nos deveres da polícia”, mas atribuiu, ainda assim, pena à emigrante.

O advogado de Susana Vasconcelos, Jacques Barillon, vai recorrer da sentença, que categorizou como “a certeza de que a justiça suíça é uma justiça seca e burocrata”.

Tragédia impensável

Susana Vasconcelos sempre afiançou que não avisou a polícia da situação da filha porque telefonou da prisão de Champ Dollon, em Genebra, no mesmo dia em que foi presa, pedindo a um amigo português, também toxicodependente, que tinha a chave da sua casa, que fosse buscar Sílvia, a casa, contando-lhe que a bebé ficara com uma “baby-sitter”, informação falsa para despistar a assistente social da prisão que ouviu a conversa telefónica.

O amigo em questão, com cujos pais Sílvia ficava com frequência, garantiu ter ido a casa de Susana Vasconcelos, ter tocado à porta, pois partira a chave dias antes, e como ninguém respondeu pensou que o bebé se encontrava com a “baby-sitter”.

A criança foi encontrada morta, no chão da casa-de-banho da casa da mãe.

O julgamento começou a 10 de Setembro. A acusação procurou demonstrar a irresponsabilidade e a negligência de Susana Vasconcelos, toxicodependente de 23 anos, em relação à sua filha de 16 meses. No final das alegações, o procurador Daniel Zapelli pediu a pena de um ano, afirmando não se opor a uma pena suspensa, dado "o dramatismo" do caso.

O advogado de defesa da jovem portuguesa procurou, durante o processo, mostrar as falhas dos serviços do Estado de Genebra, sobretudo da Brigada de Menores da Polícia Judiciária daquele cantão.

Durante as alegações finais, Jacques Barillon afirmou ser inaceitável que a justiça de Genebra tenha querido exorcizar o "insustentável drama de um bebé que morre sozinho, em casa, no seio da riquíssima Genebra" através da acusação de uma única pessoa, "diabolizando" a mãe, uma jovem portuguesa, imigrante e toxicodependente.