Terrorismo e crime organizado preocupam Portugal, diz Machete

Chefe da diplomacia destacou em Tânger a periosidade da situação no golfo da Guiné.

O terrorismo, tráfico e crime organizado sob todas as vertentes, migrações e desenvolvimento económico e social foram preocupações manifestadas esta quarta-feira pelo ministro dos Negócios Estrangeiros português no início de uma reunião do "Diálogo 5+5". Rui Machete falava na sessão de abertura da reunião dos chefes da diplomacia de Portugal, Espanha, França, Itália e Malta, do lado europeu, e Mauritânia, Marrocos, Argélia, Tunísia e Líbia, em representação do norte de África, que decorre em Tanger, Marrocos.

"São assuntos que constituem o verdadeiro núcleo das preocupações na nossa região (Europa do Sul e África do Norte), que ultrapassam em muito as nossas fronteiras e que são susceptíveis de influenciar o desenvolvimento nos nossos países no futuro", salientou Rui Machete.

Para o chefe da diplomacia portuguesa, o terrorismo internacional tornou-se uma "ameaça crescente" para a paz e segurança mundiais, dando como exemplo a acção do autodenominado Estado Islâmico (EI) na Síria e no Iraque e a propagação da presença e influência de grupos terroristas na região do Mediterrâneo.

"O agravamento do terrorismo e a sua confluência com outros tráficos que assolam a sub-região do Sahel apelam, claramente, a reforçar o diálogo e a cooperação", defendeu. A pirataria e demais actividades ilícitas na região do Golfo da Guiné constituem, disse Rui Machete, "outra ameaça séria", com impactos sociais, políticos e económicos à escala mundial.

"O Golfo da Guiné é uma plataforma importante do transporte marítimo internacional numa região em que se encontram alguns dos maiores produtores mundiais de petróleo. A região é um elemento-chave para a segurança energética e para o comércio internacional", realçou. Rui Machete destacou que Portugal tem participado "regularmente" em exercícios internacionais na região e tem cooperado "activamente" nos esforços de estabilização no Sahel.

Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros português, a "tragédia" que se vive actualmente no Mediterrâneo, "em que milhares de pessoas arriscam a sua vida e a da família", obriga a uma "rápida" acção global. "A gravidade da situação obriga-nos a responder com medidas de curto prazo que visem, por um lado, ajudar as pessoas mais necessitadas de uma ajuda internacional e, por outro, a lutar contra o tráfico humano. Ao mesmo tempo, devemos atacar as causas estruturais da insegurança, fragilidade e pobreza que afectam os países de origem", referiu.

"Para que tal seja possível, os temas centrais da discussão devem passar pela promoção da paz e dos Direitos Humanos, pela participação cívica dos jovens e a evolução para a democracia", defendeu, salientando serem precisas "soluções conjuntas" Rui Machete destacou ainda esperar que o Diálogo 5+5 possa continuar o seu papel de laboratório da cooperação euro-mediterrânica, disponibilizando todo o apoio de Portugal, país que entregou esta quarta-feira hoje a França a co-presidência do grupo, que detinha desde 2013.

O "Diálogo 5+5", que tem na base o Processo de Cooperação do Mediterrâneo Ocidental, foi instituído em Julho de 1990, com o objectivo de reforçar o diálogo político e a cooperação em áreas de interesse comum entre os países da bacia ocidental do Mediterrâneo e promover o desenvolvimento económico do Magrebe. Além da vertente política, a nível de ministros dos Negócios Estrangeiros, existe cooperação em várias outras áreas, em particular nas da Diplomacia, Defesa, Migrações e Assuntos Internos, Transportes, Ambiente, Ensino Superior e Investigação Científica e Agricultura/Segurança Alimentar.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários