RTP transfere 300 trabalhadores para empresa que vai vender

Alberto da Ponte anuncia aos sindicatos futuro dos colaboradores da televisão pública.

Foto
Privatização de licença da RTP mobiliza interesse dos accionistas do semanário Sol Fernando Veludo/nFactos

O anúncio de Alberto da Ponte vem na sequência na nova estratégia da tutela para o serviço público de televisão e rádio, em que a RTP passará a ser essencialmente um agregador e distribuidor de conteúdos, em vez de produtor.

Questionada pelo PÚBLICO sobre esta transferência de trabalhadores, a administração da RTP respondeu que "o processo em concreto de externalização não está ainda definido, daí ter sido agendada uma reunião com os sindicatos para abordar este tema a partir de dia 25". A equipa liderada por Alberto da Ponte diz ainda ser "sua intenção de tudo fazer para evitar processos que conduzam a despedimentos".

A área da produção, que está numa direcção própria, será autonomizada numa empresa, para que o processo de alienação possa ser feito. A ideia de concentrar os trabalhadores da produção numa mesma direcção e até nas mesmas instalações da empresa começou a ser aplicada há meses, quando a tutela ainda pertencia ao ministro Miguel Relvas.

Esta nova estratégia da RTP vinha já definida no projecto das GOP - Grandes Opções do Plano. O anúncio do presidente da RTP surgiu na véspera da audição de Miguel Poiares Maduro, no Parlamento, em que o ministro anunciou a criação de quatro novos canais e revelou que a entidade que controlorá o serviço público terá cinco a sete membros.

A menção ao caso dos 300 trabalhadores da área de produção da RTP foi feita pela deputada bloquista Cecília Honório, que questionou o ministro sobre "despedimentos" na empresa pública, dizendo que "Alberto da Ponte anunciou ontem o despedimento de 300 trabalhadores". O ministro afirmou que não sabia do que se estava a falar, quis saber onde isso estava escrito ou publicado, e o assunto provocou comentários jocosos dos deputados do PSD.

Durante a audição, Miguel Poiares Maduro disse várias vezes que a RTP "tem recursos humanos a mais" e que terá de os "reduzir". Mais tarde, já no final da audição, Miguel Poiares Maduro acabou por admitir que a RTP terá de "externalizar uma parte dos trabalhadores", vincando que "não é despedimento, mas é uma transferência de trabalhadores". O ministro até afirmou que a empresa deve reduzir os recursos humanos com os menores riscos sociais possíveis, recorrendo a alternativas ao despedimento, como é o caso da redução de horário e, por consequência, salário.
 
 

Sugerir correcção
Comentar